ao caminho me faz esquecer das noites
e das cortes, em que nos amamos
em onírico
ninho;
nem as magníficas imagens
do desalinho me acalentam das pedras
e das merdas, que nos despejamos
com espadaúdos
verbos.
Mas,
junto às solitárias areias
do deserto, onde agora me desterro
em cruciante
angústia,
quem sabe
possa renascer, algum dia,
alguma exígua esperança
de que outra estrela venha,
de longe,
a me preencher
o coração machucado e o leito vazio,
em novas noites de fulgor
e em novos sonhos
de asas;
porque,
de tudo que se passou
entre nós, o que me resta são apenas
silenciosos rituais, cultivados
entre a nuvem
e a lama,
que a fragmentada
memória se me acende às obscuras
alamedas da tresloucada
mente.

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