quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

INCONDICIONALMENTE?


“... eu te amo sim,
e amo-te incondicionalmente.”

Diga-me uma coisa,
querida:

há como
amar assim,

a não ser de olhos
fechados?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESCANCARADOS


Esse negócio

de amar,
de voar,
e de sonhar,

sobretudo
quando fabricamos, com o verbo volátil,
 alvos elogios e inexeqüíveis
promessas,

é também coisa
das mais vaidosas,  é coisa vinda 
o altíssimo ego
sapiens;

logo,
os poetas, os menestréis
e os passarinhos azuis somos também,
na verdade,

é uns grandes filhas
da puta.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

AO CAIR DE UMA MÁSCARA


Ela era uma purista
de mente aberta, que pregava o amor
e o perdão ao próximo

(pelo menos assim
se dizia),

sobretudo
 quando falava das relações afetivas
e  amorosas dos outros;

no entanto, 
o descobrir que seu namorado a traía, 
demonstrou, em rancores
incontidos,

sua vulgaridade
e pobreza de espírito.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

FREUDIANISMO


“Quando você aprendeu
a ser assim?”;

perguntou-me ela,
certa vez, ao ver-me em esplêndida
dissimulação
teatral:

“Não me lembro bem,
Senhora,  mas acho que foi quando
descobri a extática função
de meu pau.”

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

O ENIGMA DAS SENHORAS CASADAS


Às vezes,
vou ao supermercado e à feira
para ver as senhoras
casadas,

sem entender
como elas ficam tão felizes
nesses lugares;

talvez 
Seja por causa dos pepinos,
das cenouras e dos demais leguminosos
com seus paus expostos
nas prateleiras.

Às vezes,
vou ao hospital só para ver
a dor nos semblantes dos moribundos
pássaros de asas feridas

(não tenho pena,
 nem dó,  eu vou mesmo é tirar um sarro
silente da cara deles,

e também para
 me habituar ao que me espera
em meu inevitável
porvir);

esses caras
já atuaram como excelsos menestréis
e grandes enganadores
nas tragicomédias
da vida.

Aliás,
a qualquer lugar a que vou,
ando como uma cascavel
ferida ao sol,

carregando areia,
inquisições e tártaros aos labirintos
dos das ilusões e dos cortejos
figurados;

menos aos supermercados
e às feiras, lá vou mesmo é para decifrar
o enigma das senhoras
casadas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

PROPOSTA



Haverá um tempo
– entre asas, pés e barbatanas –,
em que as sombras virão
em derradeira
sedução,

deixando
o caminho dor, angústia
e solidão;

e, se em morte
nada se nos alvorece, por razão
de (nela) não mais nos 
podermos ser,

proponho-te que
(em vida) nos amemos como
brasas que ao frio
resistem,

e que nos sejamos
leves como as noturnas brisas
a tocarem nossos corpos
cansados

e nossas almas
nuvem.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

OPOSTOS


Velha chocadeira
de luzes, que sempre montou em ilusões,
fantasias e paus com suas 
brancas luvas;

quando é que
realmente entendeste (além dos entrelábios,
dos entreportos e dos entressonhos)
minhas chuvas?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ENGANO


Eram apenas
esperanças exíguas, que se dissiparam
em rasos leitos
caudais;

eram apenas
palavras voláteis, que se adoeceram
em ledos versos
vazios;

era apenas
um singelo sonho, que se esvaiu
nas suaves mãos
do vento.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

PARIDEIRA


... tu foste
uma mariposa (metida a) purista
na minha vida sim,
querida;

mas foste também
(paradoxalmente) uma mariposa a parir,
em minha mente
demente,

suas obesas
e imundas lagartas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ÀS ESTRELAS


Lembro-me bem:
estava sentado à mesa da lanchonete
à praça da Matriz tomando
um café

e lendo uma revista
da cientific american, que houvera
acabado de comprar.

E ela veio, e se sentou
toda curiosa a me perguntar sobre algumas
estranhezas cósmicas;

e, pouco depois,
eu a amei de tal modo
e com tal intensidade que,
até hoje,

sinto nossos cheiros,
quando leio sobre sóis ardentes
e estrelas cadentes.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TEATRO FECHADO


Penso que,
se estás angustiada e te sentes vazia,
deves fabricar
novas asas,

porque o tempo
não para, nem perdoa prolongados
cochilos:

penso que
tua dor e solidão podem ser uma fonte
para sublimes e poéticas
composições,

para que
te movas em busca de abrigos
ás asas de outros anjos ou de outras águias 
magestrais

(igualmente antropafágicas)

que voam por aí
em busca de novas vítimas
para devorarem em
seus ninhos:

sim, tenho certeza
de que deves te fabricar um novo 
par de asas,

mas sem olhares para o céu
onde, ilusória e insanamente, atuamos outrora,
porque foi neste palco que
nos fizemos mortos,

e de tal modo que,
nem que se removam infinitos,
poder-lhe-íamos retornar
algum dia.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

NOVA VERSÃO PARA "O ÚLTIMO CHAMADO"


Reposas-te-me
as causas, as consequências e os cansaços,
cuidar-te-ei os sonos atravessados
e renovar-te-ei os sonhos
ressecados.

Soprar-te-ei a face pálida,
para apagar-te as falésias abertas
pelo tempo e pelas marés
da mesma praia deserta

em que te naufragaste
com tuas escolhas, em pulsos e impulsos
nela ricocheteados.

Relaxa, zelar-te-ei o sono
e o sonho com lúgubres versos,
que a vida sem poesia é uma miséria,
que a alma sem poesia se fende
e se degreda:

por isso,
entrega-te a mim e adormece,
que transvarsar-te-ei desse séquito crepúsculo
em renovada vida e poesia.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

A BIPOLARIDADE DAS ÁGUAS


Foi em teus gestos
que percebi a negritude e a vanidade 
das palavras:

por isso é que
meu coração anda sangue e poema,
a navegar a nau do desalinho,

entre bafejos
de mares salgados, danças de nuves
perdidas

e impávidos elogios
de sombras.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ECOS


Depois de nossas incautas
ruminações por abundantes pastos,
de nossos ébrios voos
por céus vastos

e de nossos sórdidos
escorregões por chãos molhados:
depois de tudo isso, eu só
queria saber

se ainda podes ouvir
meus passos na silente ausência
que nos restou, como ainda
ouço os teus.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

NÉ?


Tu e tuas lições 
de moral

(com teus sonhos
bêbados, com teus leitos rolantes
e com tuas máscaras
estúpidas)

né?

Tu e teus amantes
madrigais

(com quem andais
tomando banho de sais,
fingindo ser de sóis)

né?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Merkent)

AMARGA ILUSÃO


Ousei querer de ti
um mar de sublimes 
alvuras.

deste-me uma bela
rosa, com espinhos e 
venenosas espumas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

domingo, 25 de janeiro de 2015

AO FUNDO, O MESMO FULCRO!



É verdade:

costumamos
inventar deliciosos sorvetes,
quando nos são servidas
saladas;

e buscamos saladas,
quando nos ofertam deliciosos
sorvetes.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

AUTOINTOXICAÇÃO



AUTOINTOXICAÇÃO

A palavra volátil
só atinge plenamente a superfície,

pois não tem poder de absoluta
penetração ao cerne:

os verdadeiros profundos
só são atingidos,

quando se adquirem terríveis
dores de parto,

em função de se viver um angustiante
e intrínseco deserto.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

OS VERDADEIROS PALHAÇOS TRISTES


... porque tolos
são os poetas e os sonhadores
que buscamos (no amor) o mais cândido
e sublime dos portos;

fazendo de conta
que, em tais pseudoparaísos, 
não hajam torrenciais
chuvas de iras

e de fogos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

NÃO SEI O QUE É PIOR


... o mundo está
tão cheio de vagabundos fodidos
e de niilistas cansados
(como eu)

quanto de
puristas faroleiros
a se pensarem nobres pássaros,
com suas asas
inválidas!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DO AMOR INCONDICIONAL


A manhã
passou pueril e incautamente
sublime,

a tarde se estende
(entre tantas e recorrentes 
Quedas)

na peleja contra
as resplandecentes miragens
dos caminhos;

ao anoitecer,
às soturnas sombras, quem 
restará comigo?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

CALMARIA À SUPERFÍCIE


Às vezes,
o rio para, cala-se
e parece morto á superfície
congelada:

a visagem  é esplêndida,
mas basta-se jogar uma ilusão,
uma pétala ou 
uma pedra

para que, onduladamente,
se lhes transpareça (do atirador)
os avessos e múltiplos
reflexos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

INTÉRPRETES DE POESIAS


Como interpretar
uma sinfonia de Mozart,
ou uma pintura de Da Vinci, sem ferir
de morte o belo e sublime
parto?

Antes, delas
se deve beber com a alma liberta,
permitindo que nos invadam
os todos os espaços
e frinchas.

E assim também
são as poesias: não nascem
para serem interpretadas;
mas sim, sentidas!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

SEMELHANÇAS


De mim
a mim, só poderia dizer
uma certeza:

“És naturalmente
pseudo!”

De mim
a vós, só poderia dizer
outra certeza:

“Como somos
tão parecidos em nossas sinuosas
naturezas!”

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

AVISO


Em ausência
de luz, segura e guarda
um pouco de
sombras:

elas poderão
fazer falta às translucidezes
dos dias.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

PEDIDO DE ESCLARECIMENTO


... dizei-me,
puristas de nobres posturas
e palavras;

com o sacrifício
de quantos corações e almas
incautas,

podemos
encobrir nossos desvarios
e fracassos,

e acalmar
nossos corações
cansados?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EU


Apenas um sujeito
desértico, afogando-se nas próprias
alucinações e insânias
ruminadas;

ou um anjo
perdido, tropeçando nos próprios
destroços, lixos e merdas
escondidas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

SE QUISERES


... podeis, irmãos,
pelo imanente poder de escolha
que vos há, 

andar pelas mesmas trilhas
e caminhos e, ainda assim, mantê-los
sempre belos e limpos;

como podeis, com vossas
luminescências de néons, (re) inventar
vastas e diversificadas
quimeras,

sem parires sequer
alguma sublimidade ou algum verso
razoavelmente singelo.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

POR QUE


... este amor 
nuvem tem que ser assim:

um parindo
sombras, dúvidas e dores;

e o outro também?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

CUIDADO


Vem, abarca-te
ao meu lado, traz-me o beijo
e, no corpo, o desejo
molhado;

mas não me afagues
demasiado com a palavra volátil,
nem me incendeies o sonho
incauto.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DUAS ESTAÇÕES


Se um vento 
frio de inverno me mata,
um beijo quente  de verão
me ressuscita;

mas toda vez
que um sonho de verão
me nasce, 

é também
certeira a vinda de algum 
porvir inverno
vazio.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ANJOS VIRTUAIS



As mãos de um anjo
tocam no teclado da internet

[e toma sonhos incautos,
e toma fantasias concupiscentes,
e toma esperanças inválidas:

tudo vestido, a belo rigor, 
com o poderoso verbo volátil e com extáticas
imagens  de rostos, peitos, 
vulvas e paus]

e navegam, e cantam,
e dançam mais que bailarinas de Degas:
prenúncio de quebra de ossos
e de asas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

UM FAVOR


Quando eu me chover
em iras e vogais, incendeia-me logo
o sonho e a carne;

antes que tudo
se acabe por entre as alagadas
e arenosas sombras!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

MUTUAMENTE


À estranha
e senciente mistura que
me deste,

meu céu reagiu
fortemente: foi do azul vitral
ao entenebrecido
das nuvens:

e findou-se,
por fim, em violentíssimas
chuvas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

OLHAR PERDIDO


Sinto
o olhar que silentemente
me olha:

ele também olha
a lua, as estrelas e (dos outros)
as sublimes e fantásticas
loucuras;

ele me olha,
matando-me a cada vez que atravessa
(refletindo-me) ilusórias
avenidas e ruas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

CONSEQUÊNCIAS


Pode até ser que houvesse
(realmente) aquele grande amor,
que nos regozijávamos em leitos quentes
e em sempiternidades
brancas;

mas houve-nos também
uma ébria, amarga e fatal escolha:
a de nos fazer  (em pleno verão)
um sombrio e mortal
in(f)verno.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DA CERTEZA DA ILUSÃO


... porque,
para se amar real
e plenamente,

seria preciso
suportar (amando-se
ainda mais)

a angustiante dor
que há às inevitáveis dobras
dos naufrágios!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

PERSPECTIVAS CONDENADAS


Fúteis criações humanas,
digo que morrereis todas, lentamente,
ao mesmo passo com que vossos
promotores tonitruantes

se dirigem incautos,
e cada vez mais soberbos e imponentes,
rumo ao despercebido e frio
apagamento.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DO AMOR A ILUSÃO


O verdadeiro amor
entre duas pessoas não é para ficar
sendo repetido como orações
em romarias:

isto que fazemos
(com perjuras luminescentes)
todos os dias
por aí

é como uma
insidiosa metáfora  sobre
a argêntea ilusão
urdida.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)


PARADOXAL CONSTITUIÇÃO


... perdidos
entre tantas imagens e signos
espalhados por aí,

talvez ainda
tenhamos da pureza e da boa fé
dos anjos sim;

mas também
temos

das fomes insaciadas,
das linguagens viciosas
e das  insânias incontidas

dos mais abissais
demônios e dos mais
violentos
vírus.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EXTRUSÃO


... vai,
continua velando as luzes
nas janelas abertas
e à toa;

vai,
continua (de incautas
ilusões) fabricando chuvas
à proa.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DESTINOS


... e as águas
do maldito e fatal câncer
vieram

(tal qual o que
me levou mãe,  em época de
nossos incontidos
devaneios).

E, como em teu
famigerado sonho, tirei meu pé
e fui-me  a seco

(embora isso
me tenha custado fortes dores
e a ruptura do tendão
de Aquiles),

e deixei-te,
impiedosamente, a esperar 
pela morte à boca
do inferno.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

QUEM PODE VER?


Sob esta
pele  branca, estes olhos frios
e estas  máscaras
rijas,

há um niilista 
em cinzas, que insiste em grafar
ilusões e esperanças
brancas

nas invisíveis 
entrelinhas de suas esquálidas
e dilúvias caligrafias.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

E AGORA?


.. e agora,
deste imenso abismo onde
nos embrenhamos,

depois de nos cairmos
tanto em meio à superficialidade 
das imagens e das coisas,

quem realmente
irá nos acompanhar para além
(muito além)

das faustas sempiternidades
que (aos mares, aos ares e aos leitos)
perjuramos?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

OS FALSANTES



Dia após dia,
com as mesmas máscaras dissimuladas
com as mesmas palavras
enredadas

com os mesmos
gestos faustamente fossilizados
e com as mesmas dádivas
irresponsáveis;

sim, dia a pós dia,
néon após néon a luzir pelo caminho
como um fósforo aceso
e condenado,

fomos construindo
um sortilégio tão grande de sombras
que até aos anjos decaídos
assustaria.


Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

PERSISTÊNCIA


... por um momento mais,
ainda vou esperar

pelo voo atrasado,
pelos sonhos desnublados,
pelo amor aluado

e pelo alívio
a meus erros despudorados
e a minhas quedas
estouvadas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DA FOME


Em todos os sentidos.

Basta, caríssimos
irmãos,

não mais vos enganeis,
nem compartilheis dos nobres discursos
dos imperativistas e dos puristas
de plantão:

só com o sincero
esforço de cada um, conseguiremos,
do machado, a rendição;
e do pão, a honesta
divisão.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ÁGUAS PASSADAS


... aquele nosso enlace
foi realmente um estrondo,
querida: 

na verdade,
foi como o encontro entre
um puto e uma puta
– de belos trajes
e palavras –,


com um padre
a orar – com a vela acesa às mãos
e o pau duro sob a batina –
no meio.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

sábado, 24 de janeiro de 2015

LEMBRANÇAS DE CÉUS E SAIS


Sob os marulhos
das águas, lembranças do passado
se fundem ao presente,
embaralhadas;

às praias agora desertas,
onde as ondas não mais tocam em cascatas,
depositam-se  – entre destroços
e vazios –

os sublimes sonhos
quebrados,  em reflexos órfãos
de outras interrompidas
revoadas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

DA ESPÉCIE


O que é um amor
difícil de não ser regozijado em dádivas
e eternidades;

o que é um desejo
difícil de ser contido entre asas de liberdades
e correntes de brancos
lençóis;

o que é o imaginar
de si mesmo que se esteja além
 – ou aquém – de ser,
ao mesmo tempo,

o cruel carrasco
e a vítima indefesa dos versos e reversos
destes esqualidamente
coloridos retratos?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)