segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

JUÍZO FINAL

… fechavam
os olhos com horror as beldades,

os homens
se escondiam atrás de suas capas
ou às sombras de alguma
esquina qualquer,

algumas pessoas
oravam em desespero por aquele
momento onde parecia ser
impiedosa a ação
da foice:

todos temiam
demasiado a demasiada ternura
com que a escuridão, com a morte a seu lado,

passavam!

O VENENO DE ANA

Quando dizia
(e aplicava) que me envenenava
aos poucos, o suficiente para
não matar,

tomou-se-me
contra um assombramento
que deveras antes nunca havia
sentido:

então,
tu nos submeteste ao rigor
do inverno na cabana que fiz
para nossa morada

e, súbitamente,
foi enchendo-a com seus venenos
fantasmagórios, até chegar ao ponto
em que, quase perdendo
a salidade,

eu não sabia
se me entregava a uma morte em paz
maravilhosa ou se eu continuava
a viver nosso inferno!

AMEI CEGAMENTE

Já pensei muito
a respeito

e, sendo eu
um niilista que não crê
no ser humano,

cheguei
a uma inevitável
conclusão:

só te amei
e ainda te amo muito,
mesmo depois que te foste
para a eternidade

___ porque,

não foi
tua humanidade
obscura e suja que tocou,

mas sim
a luz de tua alma
que me cegou!

OS PREVISÍVEIS

O ser,
quando faz sexo, cospe
elogios, gemidos, sêmens e outras
obscenidades;

quando
se encontras distante dos demais,
dos amigos e em companhia de um só
semelhante,

cospe
obscuridades referindo-se aos outros
aquilo que deles mesmo é;

quando
falam de amor fingem flutuar na luz
e dissimulam-se em esplêndidas atuação aos leitos
e aos espetáculos

e quando
cospem chuvas de fogo
e obscuridades em relação ao ser amado,
marcam inexoravelmente o fim de um antes
considerado eterno caso!

VOCÊ FOI

O maior amor
de minha sinuosa vida,

a mulher
que inspirou-me a ser
póeta e niilista,

a mão branda,
a boca mais linda,
o sexo mais ardente,

o sonho mais lindo,
a fantasia mais louca
e a navalha mais afiada
que me abriu uma ferida tão grande
e doída,

que fez
com que eu me transformasse
em uma terrível fera
noturna!

domingo, 25 de fevereiro de 2018

O FIM

Eis-nos aqui,
depois que o manto escuro
da morte nos cobriu quase que
completamente;

ainda assim aqui estamos
a tentarmos – angustiados e sufocados –
a tentarmos desembaraçar esses finos
fios à nuvem;

e isso deveria
responder a todas as suas dúvidas,
originadas de inseguranças, ciúmes
e possessividades:

as passadas, as presentes
e até as futuras que surgirem em uma possível
morte eterna deste resistente
amor de chuvas.

A NÁUSEA

Primeiro o olhar,
depois a dissimulação e o engano,

seguido de paixão
e de um amor dito eterno
e leal,

e o impulso
começa imediatamente
a entrar em ação: caverdas meladas
e árvores em ereção;

depois do êxtase,
vem o ostracismo, a sensação
de vazio, o ciúme, a posssividade,
a desconfiança

e um monte
de lixo advindo do palco anterior
onde se deitaram e se foderam sem estarem
preparados:

anestesia da razão,
vesanias,
medo,

as aguas se turbam,
chegam os vômitos verbais,
o efeito-náusea chegou!

ESTAMOS CONDENADOS A NÃO CONTEMPLAR A VERDADE

Pobres sapiens
nunca souberam o que é o eterno
frio noturno,

nem que
as coisas nunca são conforme
pensam, imageinam ou bordam
com suas palavras
e retinas,

nem que a concepção
de passado, de presente e de futuro
que têm para nortearem suas vidas
nunca passou sequer
de uma ilusão,

que seus deuses
são falsos, pois como todas as demais
coisas, não foi feito por outro motivo
de lhes servir às vontades
e à ânsia de serem
eternos;

sim, pobres coitados,
estão condenados a acreditar
em tudo aquilo que pensam reinaugurar,
até que chegue, como medo
do fim,

o momento
de voltarem a ser, não humanos,
mas tudo aquilo que realmente
nunca foram!

EU NÃO SOUBE TE EVITAR

Quando o corpo
é belo, o semblante é lindo,
as curvas são perfeitas,

mas o coração
é feito de invisíveis espinhos,

não convém
convidar a beldade para
acender com a gente alguma
noite com amor
e paixão,

sob o risco
de que já estejamos mortos,
mesmo antes da próxim incandescente
relação!

A BELA FÚNEBRE

Ela tinha algo
que eu não entendia com Tánatos,

um amor insano,
um desejo inexplicável,
um impulso descontrolado,

tanto que fantasiou
transando comigo como se
eu fosse um defunto;

e ela tinha,
paradoxalmente, uma luz
que eu não entendia, que não
se apagava em mim:

sim,
ela foi o maior amor
e o maior martírio
de minha vida!

NÃO-SER

... ausência de amor,
ausência de sonho,
ausência de dor,

ausência de impulso,
ausência de desejo,
ausência de fantasias absurdas,

ausência da angústia de existir,
ausência de imagens, de espelhos
e de senciências,

ausência
de tudo que é do humano,
com o resgate inevitável do apagamento,
das possibilidades e do caos!

sábado, 24 de fevereiro de 2018

NUNCA ESTOU SEM TI

... eu ainda te carrego comigo
no colo,
de mãos dadas,
pendurada ao meu pescoço,

eu ainda te carrego comigo
em meu coração doído e chagado,
em meus sentimentos mais profundos,
em minha alma ainda só em sua terrena
metade,

eu ainda te carrego comigo,
como aquela linda estrela distante
e inalcançável,

por isso eu reafirmo
o que nunca chegou a ser um segredo:
mesmo nos tendo sido impossível
coabitarmos juntos,

eu te amo
e vou te carregar comigo
e vou cantar e vou contar sobre ti,
como um sol que de seus raios
não faz segredo!

OS ANJOS E OS SANTOS NÃO TIVERAM PIEDADE!

Depois que andamos
juntos pelas sombras, pelas terras
e pelas pedras,

tu, ainda jovem
e linda, com teus cânticos medievais
e com tua face e corpo
luzeados,

foste plantada
sob a terra, pois eras reclamada,
por ciúme, pelas almas
dos deuses e anjos.

E teu espírito,
inigualável e absurdamente
puro, no silêncio que aqui se fez,
foi ao céu contemplá-los,

deixando-me
vazio entre um monte de cacos
coloridos esparramados pelo ainda vivos
homens!

MINHA TOLA AMADA

Ela nunca teve pressa,
imaginava que o mundo
era nosso

e que dele
podíamos beber, comer,
aproveitar e nos tornamos obesos,
que sempre nos havia tempo
para voltarmos para
casa,

e isso era tão
insano como sua ideia de que
nossa era a eternidade e de que o terreno
em nada podia nos
afetar:

agora ela
não mais pode ouvir eu adverti-la
que deveríamos ter tomado
mais cuidado,

que, um dia,
sempre chega o tarde demais!

A MORTE – ÚNICO REFÚGIO II

Tudo tem
o molde, a cor e a estrutura
formados pelo sapiens.

exceto,
digo eu, aquilo que não
cabe em tua aprisionada visão
do tudo,

aquilo
que representas o apagamento
onde nenhuma imgagem, pensamento
ou palavra humana pode
se moldar!

EM UMA NOITE HIEMAL

Tuas palavras
e teus gemidos sufocados
em meu beijo,

teu corpo
imóvel sob meu corpo
de 80 quilos,

teus seios
degustados com minhas
mãos lhes acaricianco com a delicadeera
de quem pinta um magnífico
retrato,

tua cintura
dançando sob meu quadril,
ambos deitasdos mas altivos, com furioso
desejo, vestindo-se de luz,
de amor e de sexo
glorioso!

A MORTE – ÚNICO REFÚGIO

A morte
é a nossa única chance
de redenção,

para que,
ao nos tornarmos nada,
restaurar a virgindade do nada
universal que estupramos

com nossas
eficazes e reluzentes retinas
abnômalas.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

QUANDO SE PERDE UM GRANDE AMOR

Há duas coisas,
pelo menos, que possamos
fazer quando perdemos um grande amor
em nossas vidas:

cairmos em lamentos
e choros para, em seguida,
laçarmo-nos – outra vez e outra mais –
os braços de novo e fausto
amante;

ou deixarmos
o vicioso e ominoso ciclo
e assumirmos a dor da parturiente,
deixando os órfãos filhos
em silentes e tristes
versos.

ANGUSTIANTE AMOR

Enquanto
tu ainda estavas aqui
neste mundo comigo,

eu era
o cão soberbo e arrogante,
capaz de enfrentar anjos, mitos,
heróis e poderosos
humanos

para ter a ti
como troféu nas noite
e nos dias escuros
de chuvas.

Quando partiste
à morte eterna, senti-me desvanecer
e, vazio e sem mais nenhum
sonho ou esperança,

transformei-me
em um niilista que agora sempre
resite entre o inferno frio
e o solitário deserto
de si mesmo!



NAS SOMBRAS

Que posso
fazer a não ser regurgitar,
da sinceridade das
sombras,

este monte
de palavras, em estranhos e tortos
versos que andais a ler
por aqui;

se, de outra forma,
estar-me-ia agindo dissimuladamente
com uma das mais nobres
artes?



O QUE NINGUÉM VÊ

Em meu deserto
que ninguém entende,

há-me uma aguda,
angustiante e silente saudade e dor
que ninguém
entende,

daquele tempo
em que decifrávamos os mistérios do mundo,
do ser e do universo

e gemíamos
com gozos inocentes sob o horror
da luz que nos cobria!

SEM RUMO

Grande angústia me aflige:
perceber-me também
um criador de gêneses espúrias,
é constatar que não mais posso crer
rutilâncias regozijantes.

Sequer posso mais me crer
– mito embalsamado –, com minhas faces
e máscaras, a percorrer caminhos
perdidos.

Bem que queria
ter ainda alguma esperança tênue
em que pudesse me agarrar
em meus desvarios,

mas eis que estou
– também ave pusilâmine – condenado
a caminhar no dorso de meu orb
e embalsamado.

MINHAS AMADAS SUBLIMES

Acompanhei-as
até o sagrado tempo,

ambas se ajoelharam,
entregaram-se e oraram, e digladiaram
por um pouco de luz
divina;

lá de fora,
eu esperava sentado às sombras,
sem que nem elas,
nem eu mesmo,

percebêssemos
que o que ocorria é que eu realmente
não conseguia mais beber
água no deserto,

nem acender

uma vela ou lâmpada!

ALMAS E CORAÇÕES

Deviam-se cuidar
mais as almas e os corações
com os sonhos nuvem,
com os amores e ideais inexequíveis
e com as esperanças exageradas
nas imagens espraiadas
por aí.

Sim, deviam-se cuidar
mais as almas e os corações
com as pedras e lamas aos chãos,
com os espinhos de entre flores e folhas
e com as adagas escondidas
às mãos,

porque, às escolhas erradas,
não mais sustentam as póstumas
e voláteis palavras;
porque, das ilusões antes
projetadas, podem restar-lhes
– às almas e corações
descuidados –

tão somente dolorosos,
angustiantes e insolúveis descrenças
fortificadas aos inexoravelmente
secos e rígidos hiatos.

HÁ SOBRAS AO DESCANSO

As luzes
que andam acendento por aí
com seus pensamentos, com suas imanêrncia
e com suas cores únicas

têm um disfarçado
fedor vazio, que conquista
e depois asfixia pessoas frustradas
com suas colheitas
incautas.

Mas eu,
niilo, sou como a noite, quando
chega com suas sombras frias para
embalar a solidão que lhes
fica,

e, ainda assim,
sem nenhuma causa, sem nenhuma razão
têm extreme medo

de mim!

FAÇA-SE A LUZ, E COM ELA O SAPIENS FEZ MERDA!

Inconsciente
e anormal é a visão do ser
sobre as coisas, e suas relações
com as luzes e com
as sombras:

atribuem toda
violação que faz a luz às sombras
com sua retinas os nomes
das coisas,

dos sentimentos
e até das insânias.

Mas eu digo
que do caos eterno de sempre
só sabem as sombras e que a luz nada sabe
além do que dizem nela ver
seus amantes loucos,

hipnotizados
com os reflexos reinaugurados
nas fluorescências refletidas em suas insanas
mentes humanas

que, so clarearem
as sombras, faz com que essas
e com que tudo que esteja sob suas negras asas,
perca para a sapiens senciência

a natural  condição!

VÓS TENDES NOÇÃO DO QUE SOMOS?

É incrível este perdimento,
essa indescritível sensação de que
não há sequer uma ilusão a respeito
do ser;

sim é absurdamente
incrível que quanto mais olho
para mim mesmo

ou para
meus reflexos em outros
semelhantes
espelhos,

mas nos sinto
tão inconscientemente ocultos,
tão surgidos no caos absurdo
e fecundo,

para onde regressaremos
sem raízes,
sem amores,
sem dores,

sem sorrisos,
sem lágrimas

e se mais senciência alguma!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A VERDADEIRA COR DAS MÁSCARAR POR AQUI É ESCURA!

Por que
no virtualismo
as pessoas se dizem melhores
e atuam mais dissimuladamente
do que quando em presentes
carnes,

se não for
pelo limite destas que, quando defrontes,
impingem-nos inevitáveis
fracassos,

impedindo
que nos tornemos
– a máscaras invisíveis
e a verbos afiados –

deuses, mitos, lendas
ou potentes heróis e vilãos,
sem a menor chance
de falhas?

ASSUMIDAMENTE HUMANO

Não creias
as palavras voláteis
e os versos mal traçados
do poeta niilista,

nem trilhes
pelos caminhos que o cão traça
por entre os palcos
da vida;

porque dizem por aí
– e constato –
que eles são cheios de sonhos,
pedras e precipícios.

AINDA ME LEMBRO COMO SE FOSSE HOJE

Por que te preocupavas
em entender-me, flor de inverno,
se de onde te encontravas
não te era possível,

ou por outra,
por que não congelaste
meus versos, para os leres
quanto também não mais te houvesse
mais ilusões transitivas,

para quando também
não te repousares o dissimulado olhar
em outra direção, que não fosse
a de teus próprios passos
perdidos?

MEU MODO DE AMAR

Sobre meu modo de amar,
transfigurando-te e dissimulando-me
em lúdicas fluorescências que
não podemos conter,

e abraçando-te
como que se me pudesse entrar
mais que língua, pau e dedos
em teu corpo

– sem que entendas quase nada
além de teus sonhos e esperanças brancas,
sem que eu te diga quase sobre
as rasuras côncavas do ser –,

é algo que me angustia,
e tanto, que jamais poderias,
com tua inocência cega,
compreender.

EM FRANCA E FORTE CHUVA!

Mais uma chuva,
mais uma mordida no câncer vivo
desta enferma paixão
à nuvem,

onde nos dizemos
amar em sonhos e esperanças vazias,
enquanto nos quedamos epilepticamente
em insânias sem cura;

mais uma vez, sozinho,
elevo o verso ao meio da madrugada
para falar do verme e da flor
mutuamente feridos,

que se habituaram
a viver neste paradoxal ciclo
– bruto e imundo –, onde se proliferam
harmonias lumes e caos sem nexos
quase todos os dias.

POETIZAR DE VERDADE TEM ALTO CUSTO

Os maiores poetas
e pensadores que este mundo
já conheceu não me pareciam ser do tipo
que gostassem de conversar demasiado
com outras pessoas,

pelo contrário,
isso talvez fosse algo que
lhes desviasse a atenção para aquilo
que lhes promovia a egocêntrica inspiração,
da qual surgiam seus versos,
seus imperativos e seus devaneios;

e, vejam bem, não estou
dizendo que eram antissociais,
que não namoravam puristas de plantão,
ou que não comiam xanas
por aí,

eu só estou dizendo
que tinham boas máscaras para isso,
e que, para conseguirem inovar
em suas esplendes e espúrias
retóricas criativas,

era inexoravelmente necessário
que, a seu tempo, voltassem a se isolar
no interior de suas próprias
cavernas.

O MAR QUE ME AFOGA

Eu sei que estás
comigo, como companheira, amiga
e amante.

Eu sei que tens
me compreendido e me estendido
a mão em ajuda.

Eu sei que ando estressado,
nervosa, muitas vezes descontrolado
e em chuvas de fogo,

E eu sei que
isso demasiado te machuca,

Mas eu tenho lutado
muito contra meu maior inimingo,
eu mesmo, e tenho sentido que venço algumas batalhas,

mas para ele
perco as guerras durante os quarenta
e sete anos de minha
vida.

Eu juro que queria
ser melhor, mais gentil e dedicado
e compreensivo amantepara ti, sem essas
minhas sencientes reações imprevisíveis
e absurdas.

Eu me sinto destruído
quando vejo uma lágria a corer em teu rosto,
provocada pelas minhas insanas
tempestades loucas.

E, embora eu não
saiba amar, quero dizer que te amo,
e eu ainda ouvirei nossa música, mas temo que
não por muito tempo
mais tempo,

eu venci muitos frontes,
mas agora eu já me sinto muito
fraco e cansado.

E, mesmo não sendo
bom para ti, eu sei de tuas espiritualidade,
de tua fé e de tua força,

e gostaria
te te fazer um pedido, neste momento
em que me sinto em iminência
de partir ao apagamento:

“Quando me morrer,
poderias acender para mim
uma vela por dia, se possíve, ou se for muito
trabalho, uma vela por semana
pelo menos? Eu suplico!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

QUANDO O CAMINHO SE ESTREITA ABSURDO!

Temos
de percorrer a mesma
estrada,

viver no mesmo
tempo cosmológico,

subir a mesma
escada da vida,

sonhar como
todos sonhas e também ter
dos piores tipos
de pesadelos;

temos de comemorar
com anjos e heróis as vitórias soberbas,
assim como suportas
os fantasmas

e o portão final
que atravessaremos será para todos
nós o mesmo:

a chance
de estarmos juntos novamente em um piscar
de olhos do caos que reina, alheio
a nossas retinas, no univeso

é tão minima
que, se soubéssemos, não perderíamos
nem um segundo com florais,

com os quais
traímos nossos amigos, parentes
e comanheiros mais próximos
e amados,

com sonhos incautos
e com chuvas assassinas que espalhamos
por todo lado

ou com palavratórios
que nunca nos levaram
a nada!

EVA

Eu nunca conheci
uma mulher perfeita,

todas tinham
luzes na palavra,

todas tinha
sensualidade atraente,

todas tinha
extasiantes e belos
peitos,

todas tinham
deliciosas bocetas e delicados
trejeitos:

a maioria amor
eterno a multidões fragmentadas
em seus braços e em suas

camas, prometeu!

PARA SEMPRE

Para sempre
surgiu, entre ele e ela,
 um alucinado, mágico
e estranho amor,

à medida em que
a luz foi acendendo de ambos
as sombras:

para sempre
se lhes acentaram dores terríveis
devido a fatais chuvas
de fogo,

para sempre,
depois que as sombras retomaram
seu fulgor, choraram, mergulharndo
ambos em angústia

e dor!

O INTERIOR DO DESERTO

… fragmentos
fantasmagóricos estouram
para todos os lados de minha
mente,

(Ana, antes
de partir, deixara ao deserto
um absurdo um estrado):

cicatrizes mal cicatrizadas,
o chão coberto por cinzas de chuvas
suadas,

ataques
de erotismo me moveram à altura
de poucos metros, mas incapazes de
manter abertas minhas
asas;

do escuro
e dos restos que me sobrei
à singular secura de mim mesmo,
amaldiçoo os céus,

o sol dos poetas,
as estrelas das inspirações
e os sapiens anjos que bancam
os profetas!

UM FIM PREVISÍVEL

De minha alma
apossou-se um grande e trágico
amor

que, de início sublime,
em mal se transformou com chuvas
de fogo e incredulidades e volátil e violentas
palavras;

e foi dessa forma
que, de um amor tantas vezes
divididos em céus, mares
e camas,

fizeram-se
incontroláveis tormentas
que a tudo devastou!

UM MITO E AS RATAZANAS

… ratazanas não ocupam
espaço em que fabricamos mitos
e deusas,

ratazanas soberbas
que se exercitam levantando paus
com suas bocas e corpos

e elevando o ego
com suas palavras doces, coloridas
e sensualmente poéticas.

Sim, ratazanas,
nem sabem tolerar igualmente
os movimentos do amor e do descontrole,
do bem e do mal

e não substituem
o que, por escolha, em nós mesmos
resolvemos nos plantar,

nem que se maqueiem,
que se vistam de princesas
ou de espetaculares ninfetas.

Ratazanas,
sobretudo as virtuais ratazanas
formadas, doutoradas, politicamente corretas,
poetisas

–  assim autoproclamadas –

aão conseguem
ocupar, sequerr por uma noite,
quem foi em nós criada como mito
ou deusa!

EU HONRO TODOS OS MEUS PASSADOS

Enfim,
a coragem necessária para
morrer em paz,

nenhuma tentativa mais,
nenhum resgate mais,
nenhuma troca de palavras mais,

nenhuma intimidade mais,
a fria distância se assentou absurda.
não confiaste em mim, e eu já não mais
creio em tua palavra,

ou que teu tão
alardeado amor destranque
sequer um pequeno
cadeado.

Nenhuma pergunta
que se refira a mim ou à minha intimidade
está mais a ti autorizada,

posto que traíste
todas as palavras de confiança
por mim empenhadas.

Mas como honro Ana,
honrarei nossa estada passada,
e deixarei uma invisível mão estendida
neste poético e desértico
palco,

mas só,
e somente só, se tu realmente
de algo de um cão criador de galinhas
vieres a precisar!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

QUE AMOR É ESSE?

…ou, parafraseando
a “filósova”, que tiro é esse?

Durante esta
dura estada ao deserto,

fiquei pensando
nas senciências, delírios
e vesanias humanas;

e nunca
encontrei uma racional explicação
para o fato de que

meu coração
foi mais machucado e partido,
não pelos inimigos
ou desconhecidos,

mas
exatamente pelos mais próximos
e, sobretudo, pelas beladonas que diziam

me amar!

VIDRO TRINCADO

Depois de haver
se consumado (na inevitável passagem
ao mundo dos sapiens
adultos)

a corrupção
da sublime e desmaliciada puerícia
havida na infância
perdida;

seria conveniente
que eu não mais criasse ébrias ilusões
e grávidas esperanças por céus
mares e castelos
fulgurais,

mesmo que
eu consiga ainda cultivar algumas flores,
não tão suaves (seja bem
esclarecido isso,

nem tão libertamente
brancas como quando me caminhava
(párvulo) em fluxos
cândidos.

É CURIOSO COMO PODEMOS NOS NEGAR QUE SOMOS CRUÉIS?

Aos 47
eu já sou uma causa
perdida,

e tu ainda
ficas querendo que eu arranje
forças para lutar

por um amor
sob um sol de verão
por nós dois,

sem sequer
me estender uma mão para
ajudar em qualquer
coisa,

enquanto
estou já me congelando
(semimorto) ao árido e hiemal
deserto?

MARES SOTURNOS

Uma formiga-feiticeira
corre sem parar, por sinuosas trilhas,
imaginando ser uma pura
e esplende águia;

carrega
néons às mãos e à boca,
cuspindo clarões aos iludidos céus
e concupiscências aos quentes corpos
dos demais bundas-de-ouro:

à noite, ela
se chove (em avessos escuros
e cernientes destroços)
às mais frágeis
almas.

SOBERBIA

Quando a soberba
voz do ego se silencia,

é sinal de que
algum coração está sangrando

e de que alguém pode estar
morrendo por dentro.

O NAVEGADOR QUE PERDEU O MAR!

Dai-me forças para tentar seguir
e para tentar manter erguida aquela nossa
hiemal cabana, pois a imensidade foi rompida
com tua partida,

e eu nem sei
se foi a morte que te roubou
do mundo em que vivo

ou se foi
esse mundo fantásticas imagens
que sempre terminam em
coisa nenhuma

que te roubou,
outrora, do apagamento tão frio
e sublime!

TRISTE E DISTANTEMENTE DEMAIS!

Longe está aquela
a quem amo, e nem por isso
– apesar da cruciante dor
da saudade –

me esvazio;

antes, lanço ao vento,
durante as solitárias noites,
alguns tristes suspiros
em poesias,

para que,
quem sabe num desses acasos da vida,
cheguem-lhe à clara manhã
de algum dia.

TU, QUE SABE O QUANTO EU TE AMEI!

Teu inesquecível
olhar,

teus angelicais
gestos,

tua irresistível
palidez,

teus sorrisos
pueris

tuas lágrimas
incontidas,

teu corpo em puro
cântaro,

teu incondicional amor
prometido:

meu engano mais
doce,

e dolorosamente
profundo.

A PSIQUÉ PRECISA SER LIMPA TODOS OS DIAS!

Nossa alma
é como o telhado de nossa
casa,

compõe
todo nosso ser com as demais
imanências sapiens;

mas é bom
ter mais cuidado com ela,
porque ela é como o telhado
que ao resto protege,

e se falhar
como cortina que nos protege
das chuvas e das vesanias, todo o resto
embolora e se perde!

SOU TÃO FRACO QUE FUI TEU PORTO

Sim, sou como Ana
disse, fraco,

sou tão fraco
que resisto a chuvas bravias,
ao amor bastardo das beldades
de doces xanas,

às palavras
voltáreis dos anjos, menestréis
e puristas conselheiros do que nem para
si aplicam;

sim, sim,
eu sou tão fraco como a brachiaria
que se dobra com a brisa, mas que não se
quebra, mesmo com a maior e mais impiedosa
das tempestades!

OS MENTIROSOS

Eu afirmo
que todos os anjos terrestres,

que todos os que
se autodeclaram puros, moralistas
e conselheiros dos mais fracos, tolos
e oprimidos,

que todos os que
são soberbos vaidosos com seus corpos
ou com corpos olheios,

com seus desejos
e com desejos alheios, com seus sonhos
e com os sonhos alheios,

atribuindo-se pretenções
e direitos que exigem (mesmo inconscientemente)
do companheiro que dizem amar,
para satisfação de si mesmos

têm exatamente
a mesma condição abnômala que a minha
e se regem exatamente pelas mesmas
caracteríscas psíquicas
que as minhas!



sábado, 17 de fevereiro de 2018

ENVELHECER

... após os 45,
tornamo-nos tão pequenos
diante da força
da juventude,

que passamos
e nos sentimos como inexistentes
num mundo que não cabe mais
em nossas senciências
pretenças;

então,
é que mais deixamos de sonhar,
e caímos, em autoenganos macabros
de reinos encatados,

como que a imaginar
um porto seguro nas ignorâncias,
nos desejos e nas imundícies
humanas!

EU, MINHAS VESANIAS E MEUS SEGREDOS

... pássaro,
alecrim,
anjo,
capetinha

ou um aventureiro
que viva cruzando os leitos, os céus
e as estradas:

como tudo
se dá somente por uma existência
sensível às chuvas
e aos ventos,

não faz,
ao fim, a menor diferença,
Baby!

O TEMPO

... e o tempo
não leva somente
o vento

e as alheias
coisas onde nos fomos
jogados:

levará,
um dia, não mais distante
que um piscar
do Cosmo,

do ser,
todo senciente
intento.

E SÓ O NIHIL RESTARÁ

... empurra
o tempo o rebanho ao frio
apagamrnto;

há flocos
de neve caindo à negra
florestas,

há ilusões
servidas nos cafés
de manhã,

há fogosd
dr incendiando vadiamente
pelos leitos,

há frágeis
luzes que querem se acender
às sombras:

e, assim,
cresce a humanidade, sonhando,
fantasiando e vadiando,

até que
lhes acabem as majestades,
chegue -lhesa noite
inglória

e se caiam
em eterno e insinciente
desabamento.

ABOMINADOR

Chovo
o verbo volátil
e abomino a loucura
dos homens;

e, por isso,
é que vivo lhes expondo as espúrias,
acidentais e sencientes
abnormidades:

mas ainda
espero conhecer, ao incerto porvir,
algum sublime
ser,

capaz
de mostrar-me
o erro fatal e de redimir-me
desta tênebra
capacidade

de não crer
nos ditos, nos feitos
e nos enredos
sapiens.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

EM CERTAS NOITES

Em certas noites,
ela chegava tentando esboçar
um sorriso amarelo
como quem tenta levantar
mil toneladas,

acomodava-se em silêncio
e, de repente, começava a manusear
o verbo volátil como um hábil malabarista
de adagas afiadas;

e eu, espremido
entre a tentativa de manutenção da calma
e a entenebrecida vontade de reagir
com o ego em chamas.

Sim, em certas noites
– prolíficas em chuvas e sombras –
não parecia ser ela
que estava ali na minha frente,
com o siso do ego
inflamado.

Nestas noites,
dava para perceber
a dolorosa confusão que lhe havia
entre paradoxais labirintos
da mente,

como que perdida
entre sinuosas trilhas de lava-pés
tendo que decidir, sufocada e angustiadamente,
que caminho tomar com relação
a nós dois,
​​​​​​​
que nos pendulávamos
incautos entre o voo e a queda,
o amor e a cólera, a loucura e a sanidade,
a vida e a morte, enfim.

Sim, dava até para sentir
os gritos de dor
como que a pedir socorro,
ao grande sonho de nuvens brancas
que se iam tingindo de sombras
nossas.

SEM A PAZ, CHEGOU A DEFINITIVA MORTE

Nuvem que carrega
esplendores e tempestades,
não sei exatamente quando perdi
minha paz ilhada,

mas ainda me lembro
de quando caminhava por uma estrada
sinuosa e esburacada,
e você chegou sem hesitar,
toda alvissarada.

Ainda não tinhas
a adaga nem o verbo afiado
– eras só flores e sonhos
esplendorosamente anuviados,
que me davas com gosto
declarado –,

isso veio depois, bem depois de andarmos
por serras e montes elevados;
e eu nem me lembro mais
de quando nos caímos pela primeira vez,
mas a terra tremeu sob meus pés
e as sombras balouçaram
às minhas madrugadas.

Até tentei fugir do iminente naufrágio,
mas todas as portas e janelas
já estavam fechadas,
e a bela luz da morte de não sentir,
de não querer, de não amar
já havia inexoravelmente me abandonado;

hoje tomo meu café,
fumo meu cigarro de palha enrolado
e ando pelas avenidas dos vivos e dos mortos,
com o pouco que de mim
haja restado,

que todo o mais a ti também fora
com mesmo gosto ofertado
sob sóis e chuvas,
às noites e às noites ausentes,
entre as brisas e as tempestades ferventes
neste incomensurável, mas ébrio
amor degenerado.

IMANENTEMENTE FIRME

Sei que corro sério risco
de vêreis egocentrismo no que vou dizer
– e nem me nego tal imanência –,
entretanto não mais me permito medos
nesta breve jornada;

muito pelo contrário
habituei-me a transitar entre a solidão,
com meus fantasmas bastardos
e com minhas imanentes sombras,
como há tanto tempo tenho feito:

Raro me é tolerar,
por muito tempo, alguém próximo
sem que o chateie com meus fétidos suores
e meus avessos reflexos;

e quando me perco
a olhar rostos, pernas, peitos, vulvas
e contos de fadas regozijados
por anjos e demônios,

é prenúncio de naufrágio,
não da humaníssima relação em si,
mas do que de melhor se costuma perder
quando também se perde
a cegueira.

Antes seja, portanto,
a inalcançável pureza dos sem-limites
do que os escândalos e as quedas
ao fim dos encharcados
crepúsculos.

AS LUZES E SOMBRAS NOSSAS

Acaso a luz pode adentrar
as profundezas côncavas de vossas sombras,
para que continueis vos achando
assim tão inocentes,

enquanto mal conseguis
intransitivar o verbo às elucubrações
e julgos proferidos aos dissidentes
semelhantes?

Acaso já destes
mais que um paus e uns trocados
às putas em seus leitos
mordacentos,

enquanto vos derramas
em amores, lavores e sublimes ensinamentos
junto a vossos amigos, esposas
e famílias?

Acaso já vivenciastes
de modo pleno, alguma vez que seja,
o vasto limite das purezas divinas
que vós mesmos inventastes

– e das quais tanto vos
regozijais –,

enquanto vos escorres
dissimuladamente com mãos, sexos,
fantasias, insânias e verbos
por recantos escondidos de graciosas
obscuridades?

Ora, caríssimos menestréis
e doutos formados em luzes artificiais;
se já, então podeis atirar a este cão
as piores pedras.

SEM MAIS ESTAÇÕES

Tua presença
me é urgente, minha boca
reclama um beijo
de tua boca,

meu corpo
deseja teu corpo em nossa
cama  onde agora me deito
sozinho,

sem mais esperanças
de que possas vir durante
a passagem pela ponte
existencial,

tive de abandoner
meus desejos e meus sonho, e me
fincar na esperança de um dia poder,
além, contemplar tua alma!


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

CÉUS ESCUROS


INCESSANTE DOR

… porque eles
nunca entenderão a dor

(após conhecer
a geografia do corpo e da psiqué

de uma hiemal
arquitetura absurda)

de se perder
para a morte horrorosa e estúpida,

juntamente com ela, parte

da própria alma!

AMO EM SILÊNCIO

Nenhum sorriso
quimericamenteforjado,
artificialmente colorido,
mesmo que belo,
mas fictício;

nenhum ato
íntimo, dos beijos, às chupadas
mais excitantes e às gozadas mais
intensas;

nenhuma palavra
que sugira um amor que não seja
sincere, confiável e que não se demonstre
em fortes paradoxos os dois
lados da semente

pode substituir
a docilidade – longe da sombra
de qualquer engano espigado, falado
ou moldado – no amor alicerçado
no silêncio!

ECOS AUSENTES

Aquela noite
ainda se faz presente em mim,
como se tivesse se amalgamado
à minha alma;

solitário
e sem nenhuma chance de retornar
a contemplar teus negros olhos
de cima do muro
da margem,

sigo assim,
ainda em transe psicótico,
tentando sobreviver e te manter comigo
em minhas tristes

poesias!

EU REALMENTE TE AMEI MUITO

Ela amou,
iludiu, iludiou-se, enganou
e fodeu;

eu também.

ela orou, creu,
prestou-se a ajudar o próximo,
inclusive aos putos das esquinas
e aos mendigos da poesia,

eu também
quanto às beldades semelhantes;

ela disse também
que me amou e amaria pela eternidade,

eu também disse a ela isso;

ela disse que
sempre seria o nosso tempo, independente
de quantos sapiens ou fantasmas
surgissem pelo caminho,

eu disse que,
à hora negra, ser-nos-ia tarde demais;

ela morreu,
eu também, um dia, como ela,
eternamente partirei!

POUCOS DOCES MOMENTOS

Tua companhia,
teus abraços, teus carinhos,
teus beijos,

teus sonhos,
tuas fantasias, teus delírios,
teus desejos,

teus suores,
teus gemidos, teus espasmos
e teus gozos,

bálsamos e óasis
em meu deserto de noites escuras,

eu os queria
todos os dias que ainda
me resta nisso a que chamam
de vida!

ESCOLHAS INALIENÁVEIS

... ninguém escolhe
o rancor, a dor, as sombras,
as angústias, a solidão ou o mal
por acasso;

mas,
do mesmo jeito,
Flower of Deserto,
como humanos, devo dizer
também que ninguém escolhe

o amor por acaso.

SER: ERROR AND GLORY!

Humanos,
demasiado humanos, condenados
à beira do erro inexoravelmente
estamos,

por isso
que concordo com Fernando
Pessoa quando disse que “pensar
é essencialmente errar!”;

mas, querida,
é só sendo humanos que podemos
também dançar, poetisar
e amar!

ELA EM MINHA VIDA

É raro
eu não me lembrar
dela;

é raro quando,
ao me recordar daqueles momentos
em que visitávamos juntos
infinitos,

não me correr
uma lágrima dos olhos por ela;

é extremamente
raro eu sorrir, tentar me iludir
novamente com algum amor
colorido,

beijar,
abraçar,
transar
ou qualquer outra
coisa no jardim da vida

sem o impacto
doloroso, angustiante
e intermitente da perda dela!

TODOS OS AMANTES SE DIZEM INFINITOS

A BARCA FURADA

Já ouvi dizer
que certos orgasmos
umedecem até
a alma

que é,
extasiadamente, ofertada
ao concupiscente
leito:

o mais estranho
é que quem me disse isso
não parecia ter nada
além de vazios,

e muito menos
aquilo que tão faustamente
considerava ser, em si,
uma alma.

NUNCA MAIS

Nunca mais queiras
me enganar,

nunca mais
queiras me fazer crer
que realmente me amaste,

nunca mais
tente me devastar com teus ciúmes
e com tua mente e língua
carrascas,

nunca mais
tentes te demonstrar a mim
de um jeito que por tantos anos
tu nunca foste e não és:

never try to fool me again!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

PESOS E BALANÇAS

Ninfetas e garanhões
a alisarem peles, peitos e genitálias
em seus leitos infames;

anjos e santas
a se consolarem, com sonhos, asas e mãos,
em seus paraísos secretos;

homens-vales,
homens-insones, homens-insanos:
whitmans, sartres, sheakespeares, raquéis,
mozarts e o esbambal:

Putos, todos putos,
proxenetas, como eu, de palavras
voláteis (vadias) e de oníricos
orgasmos vazios.

OS FUNDOS DOS VALES

Bocas regurgitam lumes
tão sublimes que despertariam
anjos e deuses

(se estes existissem),

enquanto úmidos
ventres guardam orgíacos desejos
e anguladas insânias,

em um tudo que se julga
possível o “ser”, que pensa poder fazer
alguma diferença,

jogando incautamente
suas faustas e falsas luzes
em meio a nadas.

NÃO HÁ INOCÊNCIAS CEGAS PARA O SER!

Todos se vestem
como anjos e menestréis,
abusam da alva palavra

volátil
e bancam os puritanos,
os moralistas

e os que pregam
a fé, a paz, a dignidade social e a justa
divisão das coisas entre
os demais daseins;

todos também,
quando tangenciam as luzes, com seus segredos
tão loucos e libidinosos como
terríveis,

fodem asas,
corações, corpos e psiquésque deixaram,
por eles, durante o caminho de céus,
de chãos e de pedras,
apaixonados!

AINDA É NOSSO TEMPO!

Há tempos
em que nos sentimos como mortos vivos,
como quem já partira há muito
e se esquecera de deitar,

há tempos
em que nos sentimos solitários
como a lua a brilhar em um céu eterno.
Infinito e cheio de brilhoas longinguazmente
vazios,

há trempo
em que nos perdemos entre sonhos,
esperanças, desejos, sombriedades e estupidedez
humanas,

há também o tempo
em que iremos realmente morrer
nos deitar ao apagamento em que o absolutamente
nada vigora.

Antes porém,
que nos chegue este fatídico tarde demais,
escolhamos um tempo, um canto e um encanto
que nos permita, com sublime amor
e ardente queimor,

nos tocas os lábios
e apaixonadamente nos entregarmos
e nos beijarmos!

CHAOS THEORY

Dizem que tudo pode mudar,
quando bate as asas uma borboleta;

digo eu que isso e tudo o mais
certamente é mudado

toda vez que o sapiens firma
suas retinas para ver, contemplar,

admirar, imaginar ou pensar
em algo!