quinta-feira, 31 de agosto de 2017

SEGUINDO EM FRENTE



Aos vazios,
devem-se levedar sonhos
e esperanças,

que não nos é possível
viver tão somente
sobre rolantes
concretos.

A isto,
entendo bem,
mas presta atenção
ao me julgares,
meu bem

– a mim que, por amor,
tenho-te poupado
da fuligem
de meu cerne –,

 porque se continuares
a abrir cortinas
fechadas,

mostrar-te-ei teu ânus
arranhado
e naufragar-te-ei o sonho

encantado.

IMPRECISO EU. IMPRECISOS VÓS



Tudo bem
que sou um cão
a bombardear os palcos da vida;
mas veja bem,
___ querida,

os anjos de que falas
também andam, demasiadamente,
___ ocupados

a regoijarem
luzes e a desfrutrem
___ imagens,

fabricadas
a sonhos e ilusões
das nobres passalavras
___ dos menestréis,

a fantasias
e vesanias das virtuais telas
___ dos arlequins,

a suores
e fulgores dos laivos corpos
___ dos sapiens.

SONHOS SINUOSOS



Há em meu dorso
um sonho mortificado
por teus lascivos andares no desalinho,
a saciar vontades de lendas  avultas
e a cavalgar  fulgentes corcéis
alados.

Vi em tuas súbitas
palavras de revelação reflexos de auroras que me mostraste,
recolhi folhas de teus álamos egocêntricos,
contemplei tuas ilusões imantadas
em quedas inscientes.

Forjei grandezas
para teus momentos mornos, encobri com cinzas
os verbos de tuas hemorragias, escorreguei-me
em tuas atuações virginais em lampejos
de desvarios ebúrneos.

Gravitei em tuas sápidas promessas,
decifrei tuas aliterações incautas, aromei tuas fragrâncias
melodiadas. aspirei tuas alfazemas
espinhosas.

Sublimado
em palidezes osgarmáticas,temi impaciências de nossas incertezas
e desinventei a vida para poder
te amar

Aparei teus alísios ásperos,
flutuei em tuas quimeras inexeqüíveis,
trancendiei tuas rapsódias
inacabadas.

Iludi-me com tuas vestes alvas,
descaminhei-me em teus édens apócrifos,
carpi tuas retinas paradoxais e angustiei-me
em tuas candidezes soçobradas.

Nas sinuetas
de tuas vazantes efemerizadas, asfixiei-me em teus céus pardos
e não suportei o sentimento
perjurado.

Vesti
princípios ilúcidos do encanto
e, após velar a última gota do oceano,
enturvei-me exausto ao chão
anoitecido.

Tardiei
o epílogo do momento angustiado,
deitei-me em agonia de tuas ausências
e dormi na morte que me trouxeste.
Porque nenhum horizonte
recobriu a passagem,

porque o mar não
se acabou na planície, nem a planície
deixou de amar o mar.

FAROLEIROS, ANJOS, PUNHETEIROS E UM CÃO COM SUAS SOMBRAS ACESAS!



... são todo
ouvido os anjos e os cornos
mansos do belo
recanto;

são todo
punheteiro os faroleiros
com teus olhos sempre em vigília
pelos pedaços que came
como conchas;

pastoreiam
o silêncio de entrelinhas e de entrepoesias
as corujas, como monjes perdidos
da geografia dos encantos;

ri,
zomba,
diverte-se o cão niilista,

percebendo a toda a dissimulação
(embora pensam se apresentar demasiado bem),
a olhos vistos!

AMAR NÃO TEM NADA A VER COM QUERERE SER AMADO!


Ó, DOLOROSAS PAIXÕES!


ESTUDOU MUITO E NÃO SABE NADA!



… eu era bom
em matemática, porque fingia
que estudava e que sabia
___ matemática;

eu era bom
em física, porque fingia
que estudava e que sabia
___ física,

eu era bom
em português, porque fingia
que estudava portugues e que sabia
___ português,

eu era bom
em cosmologia, porque fingia
que estudava cosmologia e que sabia
___ cosmologia,

eu era bom
em muitas coisas, porque fingia
que estudava muitas coisas e que sabia
___ muitas coisas;

eu nunca fui
bom para estudar o ser, eu nunca
consegui finger saber o ser, eu apenas,
durante todo o tempo, fiquei (e ainda fico)
___ tentando autopciar o ser!

UMA VIAGEM SEM PARADAS



Para mim,
os mais sísmicos abalares
entre as tênues estruturas das luzes
e as firmes extremidades
das sombras,

as mais crepitantes chuvas
entre as exíguas ilusões e os tonitruosos
ululos que saem pelas mandíbulas
transitórias dos homens

[em febres de desejos,
em trâmites de quimeras, em bordas de úlceras,
em caminhos perdidos,
enfim]

não impedem
que eles [os sapiens] se convirjam em asas,
corpos e camas, como que a tentarem
criar alguma esperança

em algo qualquer
que não mais lhes incorra em dores
e angústias, nem nos inexoráveis
silêncios das pedras.

É BOM E NÃO É PECADO, MAS PODE SER UMA PANCADA!


O DASEIN PENSA SER, MAS NAO É SUPREMO!



… quando
me percebo diantes de espelhos
___ vejo coisas estranha

entre uma áurea
branca que cobre uma outra
___ cinza e estranha;

e, por vezes,
quando pensa que me perdi
___ por mim,

na verdade,
não foi somente por mim,
mas foi pore star diante de fieis
___ espelhos!

SEM ARTIFICIAL ILUMINAÇÃO!



Não me ames,
à luz de teu espúrio farol,
pois isso é o que mais tens ofertado
a todos os pássaros com quem
___ tens voado;

antes, dá-me do que
não possas [com a palavra volátil]
regozijar ou perjurar
___ por aí,

como , por exemplo,
desta essência germinada ao teu fulcro
vazio, do qual, quando provam,
___ fogem todos

___ [abreviados].

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

VIDA


VI UM ANJO NA ESCURIDÃO


ENQUANTO SE PODE


CAMINHOS SALGADOS


SIMPLESMENTE IMPIEDOSO!


LIBERTA-TE E ME SENTE!


PERDÃO, AN!


HOMENS E LOBISOMENS


IDENTIDADE



Ainda bem que nesse

– que bem pouco
conheço –,

ou em qualquer
outro reino construído sobre alicerces
de palavras e de imagens
sapiens,

decadentes
por natureza cerniente
de seus vermes cuspideiros
e de seus menestréis
carpinteiros ,

não necessito
sapientes olhares críticos
e menos ainda bajuladores em procissão,
que bem já sei
quem sou:

um abnormal singular
e dissimulado.

CONFESSO ASSASSINO



Fertilizo
sublimes flores
ao jardim primaveril
e as mato depois,


esperanço
andorinhas d’asas rufladas
e as mato depois,

enlaço-me
com aranhas d’suaves venenos
e as mato depois,

às santas
e aos arcanjos d’reluzentes auras
finjo dar razão, mas também
os mato depois;

e quanto ao que dizem
de minha assassina condição,
não me importo, que habito-me no desterro
de minha inocência,

longiquamente
perdida na tenra
infância.

DE ONDE VÊM AS POESIAS



Entre
telhados vitrificados,
anda o poeta:

vertiginosamente
a transitar entre sonhos
e quedas;

paradoxalmente
a semear entre flores
e merdas;

inexoravelmente
embriagado e confundido
em suas próprias
facetas,

a voar entre claros
e escuros, a grafar em versos
seus reflexos.

O DISFARCE DAS SOMBRAS



Carrego-te,
do passado de dádivas milenares
ao doloroso presente
vazio

– com angustiosas
reminicências a me percorrerem
circularmente –;

como um verme
a quem convinha fazer-te
o que não fora feito,
como um arcanjo

a lamentar-se
do que te fora feito,
pois esse, tal qual o teu,
fora meu cerne

outrora espelhado
em imagens avessas
em nossos leitos
madrigais.

A INÚTIL LEVEZA DO SER



Devido a pedidos
de alguns amigos  leitores
para que eu interrompa as sombriedades
servidas,

amaine a força
das chuvas de fogo de meu cerne vesano
e me cegue às estapafúrdias
atuações nos palcos
da vida,

informo que
não vou mais continuar
a mostrar a mórbida
dissimulação
sapiens.

ENTRE ACHADOS E PERDIDOS



Ente camas rolantes,
êxtases caudais;

entre enlaces d’amor,
sonhos surreais;

entre esperanças exíguas,
porvires ideais;

assim é que
caminham os abnômalos
neandertais,

em seus chãos
pavimentados com fezes
e lodos areais.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

ELES TÊM MUITO AMOR PARA DAR


VOU ENCARAR A MORTE DE FRENTE, SEM NENHUM MEDO OU LAMENTO!


NÃO DEVÍAMOS SONHAR MAIS



A INEXORÁVEL E FRÁGIL FRAGMENTAÇÃO HUMANA!


EU ESTOU ACOSTUMADO A VER O PERFIL DO SAPIENS ATÉ QUANDO ELE USA AS MAIS ALVAS MÁSCARAS!



... em lugares
de reuniões e xongregações
como este aqui ou como qualquer outro
onde frequentam muitos
sapiens,

em que se formam
grupinhos autodenominados poéticos,
de poerimas, de ecosys, de angelicalismos,
de existencialismos,

de putinhos,
de cachorrinhos, de lobinhos
à caça de borboletas,
etecetera

(e eu vou ser franco nisso),
não convém arriscar um olho em qualquer
que seja o canto,

porque, se um pensamento
supostamente livre atingir a um dos componentes,
de qualquer um
dos grupos,

todo o resto
se reúne em sua defesa, alegando coisas
e exercendo sua defesa,

simples,
completa e inconscientemente
alheios de que vestem o chapéu da, contra
a que se opõem, verbal
​​​​​​​marreta!

TRANSCENDER


A GRANDEZA DO QUE HAVIA!


ENQUANTO A TERRA NÃO ME COBRA O REGRESSO...



... qual será
os últimos braços a abraçarem
este corpo cansado que se quebra
___ ao fim do baile;

qual será
a flor que beijará esta boca
antes que, na eminência do apagamento,
___ ela se feche para sempre;

qual será
última beldade que irei amar,
a última puta que irei
___ comer,

e qual será,
enfim, o ser que terá resistência
para ao meu lado permanecer quando,
ao céu, eu puder ver, pela última vez,
___ uma estrela brilhar?

A CONSULTA



... preto,
vestia-se bela, belíssima,
elegante e magnificamente preto, q
uando chegou e vestiu, por cima,
___ aquele guarda-pó branco;

médica de corpos,
medica de meu corpo por tumores antes
tomados e, por detrás da médica, uma psique
___ estonteantemente avançada.

durante a consulta,
pudemos ver juntos, em profundo exame,
um pouco de Karnal, um pouco
___ de Sartre,

um pouco de Nietzshe,
um pouco de Shopenhauer, um pouco
de Fernando Pessoa, um pouco de Irvin
Yalon,

___ etecetera, etecetera, etecetera;

e, claro,
um pouco mais de nós mesmos,
que nos pusemos assim tao nus
___ e libertos,

frente a frente,
comp se fôssemos dois amplos espelhos
___ refletindo mutualmente

os pensamentos,
as reflexões, os sentimentos
e a imanências da mente
___ do sapiens ser!

NADA GANHAMOS. NA VERDADE, PERDEMOS A TODO MOMENTO QUE PASSA!



... pouco a pouco
vai deixando de verdejar a vida
___ deste perido vianjante,

as estradas não
são mais tão largas, os céus não
são mais tão azuis, os jardins não são
mais tão coloridos, e as putas não são mais
___ tão inocentemente saborosa:

e, assim ,
em espetáculos agora marcados,
sombrios e previsilvelmente
___ frios,

vai-se extraviando,
cada vez mais, o dia, enquanto
calma e silentemente, vai-se abrenunciando
a longa e definitiva
___ noite!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

DESDE SEMPRE


ASSOMBRAÇÕES


Ando tentando
expurgar severos fantasmas
e legitimar alguma
___ causa,

com a cansada
esferográfica a escorrer ferrugens
nos entalhes embranquecidos
___ dos papíricos.

Entre os espectros,
há estridentes e dolorosos ecos.
ressoados de castiçais
___ de ouro;

em mim,
uma encastelada demência
que se revolta contra
a luminosidade
___ dos espelhos.

SAUDADE DOÍDA


ENGANOS


APRENDIZADO


NÃO HÁ FRAGMENTAÇÕES NO AMOR



... o amor
não é e nunca foi indolor;

pelo contrário,
amar, em qualquer sentido,
exige extremo preparo e resistência
tanto na suavidade como
no ardor;

do mesmo modo,
o amor não é vão, nem tem a inútil
leveza que os anjos
lhe impõem,

nem tristes
lamentos, em ensandecidos uivos,,
dos perdidos cães que
o maldizem:

o amor, em suma,
não é chuva ou sol, não é sonho
ou carne, não é alegria ou tristeza,
não é vida ou morte;

é, ao mesmo tempo,
tudo,mesmo em suas faces contrárias,
inexoravelmente concentrados
em um só!

RECLAMA MENOS, ESOLHE MELHOR



... reclamas de trabalho
e não percebes o quanto trabalho
insalubremente e mergulhado constantemente
___ em terríveis sombras?

Achas que saco
da algibeira alguma mágica que me alivie
a não ser minha força, minha vontade
e minha coragem para encarar
___ a vida ou a morte?

Achas mesmo
que podes mudar a esplêndida força
da íris e do poder de escolhas
___ sapiens

somente
com a alegação de que estáz
cansada ou sem tempo adequado
para ao que gostas realmente
___ te dedicares?

Achas, por acaso,
que os anjos ou ou pássaros temem cair
ou pensam duas vezes antes d0,
e a seus esplêndidos voos,
___ alçarem?

Achas que,
a essa altura, já quase à beira da última
e eterna noite, o cão vai perder tempo com
mirabolantes e duvidosas porvires
___ imagens

e entregar,
sem resistir e sem lutar, com tudo
e com mais que o que puder
___ ajuntar

para ainda
sonhar, amar e transar
antes que a morte o pegue como refém
e o tranque na fria e incensiente
___ eternidade?

SECO E SEM ESPERANÇAS


A EXCITAÇÃO DO MAR


ESCOLHAS E CONSEQUENCIAS


QUANDO A MORTE CHEGAR


A PSIQUÉ


SERÁ MESMO QUE TUDO É VÃO E NADA É VÃO, SALETE?


O RANZINZA



... tu, beirando
assim meus abismos,

pareces querer
aprender a sorrir quando por dentro
chora,

pareces querer
saber lidar com a filosofia e com a crise
 existencial, mantendo o olhar
otimista no duvidoso
porvir;

pareces querer
ser heroína e forte, talvez invencível,
mesmo quando tudo parece
perdido;

pareces querer
manter a calma, quando todos ao redor
já a perderam e as incertezas
em ti afloram;

pareces querer
amar, sublime e puramente, mesmo
quando é tua carne que ao êxtase dos toques
implora;

sim, eu sei
e eu senti isso, baby;
e eu posso te ensinar a fazer de tua dor
e de teu sofrimento

a exteriorização
artística e poética, com a coragem suficiente,
de tudo que te consome e te aprofunda

na hora que julgas morta!