domingo, 31 de dezembro de 2017

INCONTIDO DESEJO



Sombras em ensaios,
uma sinfonia mouca nunca ressoada,
um par de seios escondidos;

da falésia imaginada de entrepernas,
o êxtase e o perigo;

chãos com pedras voados com asas
perplexas, erectas e apaixonadas,
palavras em nós de silêncio
a dizerem tudo;

o tempo parou
no destempo que se inventaram,
os anjos e os demônios também pararam
a assistirem ao intenso, esplêndido
e estranho espetáculo:

um deus estava a amar,
alucinadamente,aos mistérios
e encantos de uma habitante
das trevas.

ÁGUAS QUE REFLETEM


... em certa ocasião,
disseram me amar, ou outras
me odiar,

em outras
ainda apenas me possuir
em desejo e pertença;

mas nunca
perceberam que eu pertencia
à chuva, e como a chuva
me tornei,

sendo-lhes
impossível qualquer coisa
sem se olharem ou se alagarem
diante da bestialidade
_________ de toda
a coisa!


A VERDADE DA HORA MORTA



... imaginemos
que ,entre uma e outra fantasia,
entre um e outro desenjo,
entre uma e outra
____________________ trepada;

imaginemos
que nos calores e delírios
das horas e dos leitos, pensemos
silentemente um no
____________________ outro;

Imaginemos
que diante do entusiasmo do mundo
e das magníficas imagens dele,
ainda mantemos inesquecível
aquele nosso secreto
____________________ jardim;

Imaginemos,
por fim, que na hora da morte
prounciemos, em sussurros derradeiros,
o nome um do
___________________ outro:

depois disso tudo,
teremos a certeza absoluta
de nosso amor e da incrível estupidez
que cometemos ao não vivê-lo
__________________ juntos,

curvados
que fomos sob outros céus,
sobre outras ilsusões e sobre
outros arcos
________________ de flores!

OS MENESTRÉIS E OS IMPERATIVISTAS SÃO A MERDA DO MUNDO


... não sou
de falar de política,

_________ sinto-me,
de certo modo, infectado
ao ouvir discursos menestréis
bem preparados

por espertos
assessores bem estudados
e letrados que usam de todos
os artifícios

e até do santo
nome de Deus, para atingirem
seus intentos claros sob as luzes
e infectos nos cômodos
escondidos:

uma força
que muito poderia ajudar
no convívio social,

mas que digo,
e só direi uma vez,
sirvam-se deste prato à mesa
com eles

e tereis
uma dolorosa diarreia
__________ sem precedentes!



ALTA MADRUGADA


Era alta madrugada,
ruídos fantasmagóricos estremeciam
a realidade perturbada
de meu ser:

as coisas e os sentimentos
inaugurados pelas avesgalhadas
senciências do ego,

os sinuosos passos
dos puristas e dos anjos de plantão,
com suas superbíssimas
e incautas atuações ao palco da vida,
enquanto se promiscuíam
por detrás de negras
cortinas

– com extremo agravo,
gerado pela presença insana
de uma tênebra demônia –;

tudo parecia mover-se
aos profundos precipícios
que se me abriam às entranhas vazias,
até que a contemplei
à nuvem

– uma bela e esplende
guerreira –,

onde depositei
minhas derradeiras esperanças
e meu dádivo e sincero
coração.

P.S. E tenho um receio: de que, sob chuvas e fogos, se esse sonho morrer, morram-se com ele todas as novas porvindouras manhãs.

QUANDO O DESEJO FALA, DOBRAMOS OS JOELHOS!



Era nítido
todo o arranjo
com quem ela veio
me encontrar:

toda bem penteada
arrumada, maquiada e perfumada,
como princesa de belos
contos de fada.

Mas havia, entre outras,
uma diferença: deixara a coxa seminua
e, com os gestos, ora se cobria
ora se insinuava,

até que seus lábios
me tocaram em inocente despudor;
prenúncio de que, naquela noite,
acabaríamos nos deleitado
em realidade úmida.

O NADA SEMPRE EXISTIU E EXISTIRÁ



​​​​​​​... mas o Ser e o que dele se faz,
Não!

Thor Menkent

Nada somos
senão o que reinventamos
com nossas retinas humanas
laivas

e senão
como nos reiventamos entre
coisas que perderam completamente
suas naturais virgindades

com nossos
sencientes olhares a elas
pousados;

ou seja,
a questão não é a noite,
não são as sombras, não são as luzes,
não são os mares, nem as estrelas,

e não é o amor,
nem é o desejo, nem é a mágoa,
nem é a esperança, nem é a angústia
e a dor:

a questão é que,
sendo o que há o nada reiventado,
mesmo despercebidamente, quando de nossa
passagem, é o nada que
ficará!

A TEMPESTADE NUNCA PAROU!



Chove.
Chove lá fora e há muito
chovo em mim,

como algo
que me alaga, estraça-lha-me
e me afoga;

e nesta carestia
de oxigênio, nessa escuridão sem fim
e nessa angústia que não
cessa,

eu queria
apenas desligar um pouco
a dolorosa lembraça e saudade
que tenho dela!

EU, INIMIGO MEU



Eu e meu boné
sempre posto à cabeça calva:
fosse ele superficial juízo,
estaria salvo;

eu e minhas caixas de imagens
empilhadas na memória fragmentada e cansada:
tivesse ouvido minha mãe, decerto
não haveria tanto lixo
em minha casa;

eu e minhas chuvas incontidas,
e meus lestes derramados, e meus juízos dissimulados:
fosse como os puristas, poderia ter
alguma chance nos constantes
naufrágios;

sim, eu e minha indomável
fluorescência avessa, faminta e sedenta,
por sencientes combustões coronárias que sempre
– e inexoravelmente – deságuam
em vazios e nada.


TU ALIVIASTE O MAL QUE EU SENTIA!



O sol
se recolheu e nunca mais
apareceu,

e eu sofri
nem saudade, solidão
e dor;

quando pensei
que morreria de frio, teu oásis
se me apareceu,

e, então,
eu comecei a novamente
caminhar e ate a sonhar, embora
de luto continuasse
meu ceu!

E A ESCOLHA SUPEROU A SOMBRAS E AS LUZES



Nem o mais
belos e nobreedos anjos,

nem o mais
poderosos e sublimes dos heróis,

nem os mais
sensuais e tesudos dos sapiens
terrestres,

podem superar
o ardor, o desejo a escolhida
paz no amor

nascido
entre uma flor e um
deserto!

EU E VÓS



Sou dissimulado
e vadio demais para escrever aqui,
no meio de menestréis, puritanas e anjos
mascarados;

assim como
eles vê, desfilam, exibem troféus
literários, conquistas, fazem suas masturbações
egocêntricas, literária
e genitálicas,

sem perceberem
que são frágeis demais para lerem
e aguentarem os labirintos subterrâneos
do ser que mostro em sais
e pós!

ELA ERA AZUL



... em seu lindo rosto
pálido, seus olhos eram azuis,

em seu delicioso
corpo espelto seus seios
era azuis,

sua xota,
a maior de suas preciosidades
era azul,

suas palavras
eram tão belas, puras e azuis

que me encantei;

um tempo depois
veio o desengano qusando percebi
que somente uma coisa lhe
destoava do lindo azul
que predominava:

sua alma
era obscuramente negra!



REVOLUCIONÁRIA AGRESSÃO



Quando a luz adoeceu
de uma doença chamada senciência
sapiens,

tornou-se traidora
da virgindade original,
tornou-se agressora da verdade
essencial

e ficou como
alguém que tem alzheimer e não
se lembra de mais nada,

necessitando
de outras retinas que lhes modifique
o insensível, insenciente e murcho modo
de ver as coisas entre as quais
ainda está jogada!

O PODER DE UMA MUSA


... naquela noite
estava em profundo êxtase
so de lhe contemplar o olhar
em brilho,

e ela ainda
deu uma cruzada de pernas
deixando transparecer a calcinha
com aquele pacotinho

que imediatamente
me deixou ali, em sua frente,
silente e dissimuladamente, sob
a calça, em brasa pura!

SOMENTE A NOITE É PERFEITA



Que de manhã
se plantem sonhos e flores,
pois que depois vem o forte sol e
o rígido inverno a aniaquilar suas formas
e suas cores,

que à tadee
reinem os mitos, os anjos, os heróis
e os demais poderosíssimos mascarados
criados pelo ser, que são que
de sua força contempre.

mas que depois
que seja perfeita e eterna a noite,
reine o silêncio eterno

daqueles que,
autoconsiderando-se filhos à imagem
e semelhança de Deus, com a senciente soberbia,

abnormalmente
única e inigualável em todo o cosmo,
reinauguram a tudo de acordo
com suas retinas
avessas!

sábado, 30 de dezembro de 2017

O VERBO É A REPRESENTAÇÃO DO SENCIENTE PODER SAPIENS



As palavras são
o mais poderoso instrumento da mente
e, quando não bem usadas,
quase sempre ferem;

muitas vezes,
por exemplo, um “eu te amo” dissimulado
é muito pior que um raivoso
“vai-tomar-no-cu”;

mas parece
que os puristas faroleiros
não sabem disso, aliás não sabem
nem muita coisa sobre o que
chamam vida.

AMOR POÉTICO



Olhares de bilhões
clareiam, com seus faróis - sencientes -,
as casualidades alheias
das sombras;

pontes se constroem
cada vez mais densas - e a todo momento –
com suas magníficas ilusões
fluorescentes;

entremeio a tudo,
um poeta e uma poetisa se veem - distantemente –
e se aproximam com a paixão enferma
de seus versos.

SEI TUDO SOBRE TI



Ela me amou,
se não, muito bem dissimulou,

e eu a amei,
ou muito bem dissimulei;

e tudo bem
até aí porque ser é inefitavelmente
dissimular.

Mas um dia ela
disse que ia me injetar veneno
aos poucos na quantidade certa para
não matar:

e nisso eu garanto,
ela dissimulou, porque são crer
que ela não me mataria, sem nenhuma
pietade, ela matou!

A RESSUREIÇÃO



Quarenta e sete,
fragmentos de quedas,
pedaços de sonhos e de ilusões
quebradas,

e eu tentando
ao deserto me reagrupar
com ela, sempre ali, amorosa
e delicada,

a me envolver,
a me acalentar,
a me embalar,

a me abraçar,
a me beijar,
a transar comigo,

a me proteger,
a me aquecer
e a me amar!

A INVASORA



Quando chegaste,
por educação, eu abri a porta
da sala para te atender;

mas eu não
sabia que invadiria meu quarto,
entraria em mim,

tomaria meu coração
e faria escrava de um louco
e impossível amor, minha alma,
Senhora!

POR QUE ME OLVIDASTE?



Sabe, depois
de nove anos caminhando juntos,

sempre ovidando-me
quando eu te alertava para
tomarmos cuidado com o tarde
demais;

parece ter
chegado o momento, enfim,
que compreendeste
o que eu falava,

pois não
restou mais nada para renascer,
depois que deixamos o amor
se acabar!

NÃO PRECISAM ENTENDER, MY LOVE!



... na manhã de hoje,
após a intermitente insônia
da noite,

levantei-me
e me pus a caminhar por
aquela solitária estrada de chão
à frente de meu sítio;

com a mansa brisa
sobre os ombros, a contemplar
a fechada planície, cinza, sob as escuras
nuvens que cobriam o céu,

senti, em solitário
pranto amargo, a tua invisível presença,
como que a me dizer: “Por tudo
que aconteceu, você
foi o culpado!”

O EXISTENCIALISMO TAMBÉM NÃO EXPLICA NADA



Se para
Jean Paul Sartre, a angústia surge
no exato momento em que o ser se descobre
aprisionado em sua própria
liberdade,

se para
Shopenhauer viver é necessariamente
sofrer

e, se para
Fernando Pessoa, pensar
é essencialmente errar;

Thor Menkent
decreta que viver é simples,
irrevogável e inalienavelmente estar
atrelado à abnormal condição
em que foi em meio das coisas
jogado!

A SABEDORIA DO AMOR



... nunca te
ensinara, baby, no verão
e no outono,

é preciso ajuntar,
pedaços de sóis

para que
dois amantes resistam juntos
às intempéries de algum rigoroso
inverno?!

AMOR EFÊMERO



A efemeridade do que
fomos se provou no que não
mais somos:

o sonho
à nuvem nos encantou
tal como,

quando
da descoberta do engano,

ao nublar-se
ao céu colocou-nos à beira
de um escuro abismo!

EM ALGUM CEMITÉRIO



Em um cemitério qualquer,
um túmulo sobre o qual está uma velha
cruz:

ao túmulo,
encontra-se enterrada a sendual
magia

que causava
a quem, lhe tocasse, amor
com excitadíssimo fogo e venenosas
flechas!

TU FOSTE



Verão e inverno,
luz e sombra,
dia e noite,

fogo e cinzas,
desejo e ódio,
mel envenenado,

mar salgado,
céu nublado,
chuvas de fogo:

ela foi
o maior amor da minha vida
e foi, também, a minha
morte viva!

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

UM SOL NA JANELA


AS NOBRES PROJEÇÕES SAPIENS



Mitos, lendas, deuses
e seus poderosos criadores multiplicam-se
exponencialmente, como se, de fato,
fossem criaturas a cavalgarem
lumes plenos;
​​​​​​​
não obstante,
abnormais e bipolarmente confusos,
é na obscuridade que se alastram
de modo inalienavelmente
cancerígeno.

MIRAGEM AO DESERTO



Na miragem desértica,
a ausência de tua alva nuvem
em minhas noites vazias
e taciturnas;

no leito solitário,
a ausência de teu corpo
em minhas inércias
carrancudas;

na mente demente,
a constante chuva a inundar-me
as ilusórias horas mortas e as excitadas
luzes dos néons:

e tudo o mais,
misturado com faustos e falsos sabores
de infinitos, por onde (antes de
te perder)

me escorri,
ensandeci-me e me enferrujei assim,
tão enlaivecidamente
fecundo,
​​​​​​​
com minhas asas
inválidas, com minhas peles queimadas
e com minhas merdas defecadas
pedras afiadas.

UM AMOR DE GUERRA



… ó loucura incógnita,
atravessei estrelas e enfrentei deuses humanos
que fabricaste como vindos de paraísos
longínquos,

encarei monstros
e terríveis sombras para ver se nos
achava alguma luz no fim
do túnel,

suportei
pesos, culpas ao caminho em que
te puseste a andar comigo
fedendo a porras
e enxofres,

aceitei
teu paradoxo e tua crise existencial,
advindos de labirintos escuros de tua infância
perdida,

procurei
pelo caminho menos espinhoso
para alívio teu, muitas vezes silenciando-me
com minhas angústias e dores:

quando o ópio
se misturou completamente com o perfume
da flor, já era tarde demais,

já habitávamos o limbo,
com trajeto certo para precipício final.


EU ESTAVA CHEIO DE VAZIOS TRISTES!



Quando me encontraste
ao deserto, sentia-me com o coração
vazio e com a alma cheia
de vazios e nadas;

hoje, os fantasmas
continuam em minha mente,
a vigiarem a hora de minha partida
definitivo,

algumas mariposas
ainda derramam escondidamente
um pouco de lágrimas e ferozes anjos inimigos
confabulam escondidos negras
pragas,

mas já não
me sinto tão só qusando teu olhar
me rodeia, quando tua boca
me beija,

quando acendes
uma vela em minha escuridão espessa
ou quando me leva, para me amar,
ao teu desejoso leito!

O CAMINHO DE UMA LÁGRIMA


OS DIAS SE TORNARAM MAIS FRIOS



… meu eu psíquico
rechaxa espelhos que me são apontados
com a finalidade de se me mostrarem
reflexos de quem os segura;

sou meu próprio equívoco,
sou meu próprio devaneio,
sou meu próprio céu e inferno,
sou minhas próprias abstrações,
ou minha própria marginalização
e sou meu próprio carrasco;

vingo-me de mim mesmo
morando ao deserto e me afastando
de vossas sublimidades embaçadas,
metafóricas e tortas.

AMORES LÍQUIDOS



… o cão se interna por um longo
período, para químio e uma puristana que se acha boa
liga a ele para apoiar, pedindo sexo
telefônico ou virtual;

outra amante,
a chamada Lilith, liga para dizer
que enfrentam a mesma doença e lhe conta
estórias de seus namorados e putos
com quem traiu o esposo
corno;

uma nuvem,
em quem ele cria no amor, liga
e ele liga a ela como a última esperança
de morrer simplesmente como
um homem;

ao retornar para casa,
é recebido com cobranças, jugos
e ferradas por comentários feitos em suas
poesias.

E eu fico pensando
como são bons os anjos, que vivem a refletir
suas alvíssimas almas às negras sombras
dos piores e devaneados
cães.

SENCIÊNCIA SAPIENS É SUA MAIOR PRISÃO



… é verdade
que a visão da liberdade pelo homem
é a confirmação inconsciente
da própria prisão em que
se encontra,

ou seja,
é a negação da própria liberdade
por não mais conseguir perceber, desde formada a abnomalia,
o que for a da grande barreira continua
naturalmente a ser inaurugurado;

e entenda a barreira
exatamente como o infinito poder de ver
e de imaginar no ser desenvolvido
com a senciente evolução.

E nem vou me adentrar
na explicação da fonte, mas filósofos,
pensadores e cientistas não vos esqueceis
de que o Cosmo

Não sabe de nós
nem de nossas insignificantes e paradoxais
redemolações de tudo que houve, há
e haverá

no inexplicável
mundo da quântica, do ocaso e das infinitas
possibilidades.

OS LADRÕES DE SONHOS!



O sol cai a pique,
logo após a chuva de verão
que amolhaçou a terra
ressequida,

e eu aproveito
uma vez mais para plantar,
escondidamente,

algumas sementes,
na tênue esperança de que
não sejam vistas pelas
legiões famintas
das formigas.

ASSIM DIZ O NIILISTA!



Por que
ainda sonhas tanto
com os reluzentes voos
dos anjos,

com a vigorosa
força dos mitos e lendas
e com as promessas
dos homens?

Porventura,
já não conheces o suficiente
de tudo que há à vã
estrada?

Antes, anda e apressa-te
sem olhares muito para os lados,
mova a terra e dela
os vermes,

transita as sombras
com coragem e evita a exagerada
exposição às luzes
artificiais;

evita também
e, sobretudo, as pedras.

Ah, as pedras,
essas estão por toda parte,
mas – mesmo assim –
nunca pares,

carrega tua cruz
por entre os anjos, os mitos, as lendas
os homens, os vermes
e as pedras.

OS CAÇADORES



Caçadores caçam
ovelhas, cães caçam puritanos
para devorarem com seus dentes
e com seus paus
agudos,

até os canálios
celibatários caçam templos
para se satisfazerem, insanamente,
escondidos;

mas quem mais
exercita o exercício da caça
são os anjos que, com o exercício
da palavra
volátil,

esperam tempos
e tempos a fio, como lhes convém
na perfeição do intento, aguardando que
a vítima lhes creiam

e, sem dar um disparo,
se dirijam ao abate para seu próprio
ninho!

O MODO DE AMAR É TOTALMENTE FEITO POR ESCOLHA



... por que,
de repente, parece
que tudo que vivemos naquele
longo amor, parece
imperfeito?

porque
eu via flor antes e agora vejo também
os espilhos da flor?

por que
nos amávamos sob luas estreladas
e agora, ao olhar para cima,
vejo somente escuridão
cria?

Por que
mataste o sol de nossos dias
deixando-se assentar um mortal
inverno frio?

Por que,
sempre que penso em alguma tentativa
de apaziguamento e reconquista,
sinto o vento da tempestade
escondido atrás
da esquina?

ETERNAMENTE



Sofri como ela disse
que eu ia sofrer,

lutei como ela disse
que eu ia lutar,

chorei como ela disse
que eu ia chorar,

sangrei como ela
disse que eu ia sangrar

e, quando todos
os médicos diziam que eu não
tinha mais nenhuma
chance,

sobrevivi como ela
disse, antes de partir, que eu iria
sobreviver!

INFELIZMENTE SOU POUCO



Infelizmente
só tenho três pernas
e um invisível par de asas;

e isso me deixa frustrado
por não poder desfrutar de mais
amores vermelhos,

de mais secretos
desejos e de mais dissimulações
teatrais sob as nobres e enigmáticas
luzes dos sapiens!

VAI DOER DE TODO JEITO!



Que coisa meio estranha
e demasiado doída:

depois de dois
anos habitando um distante
frio,

com ela subestimando
a minha precária condição física,
as imagens e as cores
lida,

sozinho numa
intensa luta pela vida e ela
a se mantendo distante
e vazia,

apareceu uma flor
que entrou em meu deserto
já nenhuma experança
exígua.

Agora se me irrompe
uma luta entre o antes tempestuoso
mar de amor e o calmo, sensível e amoroso
lago de águas tranquilas!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

NÃO DEVIAS PENSAR E, SIM, PERGUNTAR


AO DESERTO NÃO HÁ PÁSSAROS NEM FLORES EM DEMASIA



Mata os fantasmas que
povoam os porões de nossas mentes,

rasga as cartas
de amor que recebeste no passado,

esquece as genitálias
que te penetraram em quentes
e ardorosas noites de sexo
e de êxtase,

manda embora
os anjos assoberbados de roupas brancas,
luminosas auras e palavras demasiado
voláteis,

não dexes nada inacabado
do tipo que possa provocar orgasmos
mentais ou físicos tardios dos momentos
outrora vividos,

enterra o cibernetismo,
com suas poesias e com seus falsos puritanismos
que, às escondidas, vivem
a catar lixos literários

e promiscuidades
virtuais; e vai ao cão,
o segredo, que a ninguém será
revelado!

ENLOUQUECES-TE



Enlouqueces-te
ao veres que o cão, ao amar na noite,
é viril como o orvalho que
lhe é fiel

e que ele
não nega, em suas sombras,
nem o frescor do amor nem o quentume
do desejo em gula irresistível;

um dia, porém,
quando o tempo estiver próximo de findo,
tu não te lembrarás de mais
nada

e não sobrará
de mim nenhuma mensão a nosso amor,
nenhuma máscara a ser
usada,

nenhuma confissão
de queda ou de traição por ti
ainda hoje tão esperada,

nenhum poema romântico,
nenhum poema niilista,
nenhum poema erótico,

nem nada mais
que o vazio que ficar, o qual estará,
sem sombra de dúvidas,
ratificando

o que
realmente foi minha vida
vã!

MEU MAIOR ENGANO



Houve um tempo
em que andar contigo parecia
ser tão grandioso

(em amores,
sublimidades e sempiternidades
ofertadas;

e, diante de
imagens e pedras ao caminho, demonstrou-se
tão limitado

(mas tão limitado)
que não moveria nem o mais
misantrópico dos anjos.

CORAÇÃO INSONE



Triste,
saudoso, angustiado
adoentado com tua partida
definitiva,

cansadíssimos,
às vezes lacrimejantes
(silentes e lacrimejantes) meus olhos
a te contemplar no vazio
do infinito

e a depositarem
às folhas brancas, como um poeta
niilista perdido, poemas mais desejosos
da morte do que da vida!

O TEMPO É INFINITO, MAS NÃO PARA NÓS!



Não posso adiar
o amor para uma suposta eternidade
que habitaremos em espírito
como me pediste

(não posso!),

porque nada,
absolutamente nada resiste
à inexorável e fria desintegração
do apagamento.

Não posso,
não posso adiar o amor que nos
recusamos aqui para o ter
na eternidade,

porque só expancionário
espaço, o tempo e as possibilidades
são infindos, e as nossas senciências
impiedosamente confinadas
à nossa sapiens condição

que parece imensa,
mas é, na realidade, ínfima!