quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O ENIGMA DAS SENHORAS CASADAS


Às vezes,
vou ao supermercado e à feira
para ver as senhoras
casadas,

sem entender
como elas ficam tão felizes
nesses lugares;

talvez 
Seja por causa dos pepinos,
das cenouras e dos demais leguminosos
com seus paus expostos
nas prateleiras.

Às vezes,
vou ao hospital só para ver
a dor nos semblantes dos moribundos
pássaros de asas feridas

(não tenho pena,
 nem dó,  eu vou mesmo é tirar um sarro
silente da cara deles,

e também para
 me habituar ao que me espera
em meu inevitável
porvir);

esses caras
já atuaram como excelsos menestréis
e grandes enganadores
nas tragicomédias
da vida.

Aliás,
a qualquer lugar a que vou,
ando como uma cascavel
ferida ao sol,

carregando areia,
inquisições e tártaros aos labirintos
dos das ilusões e dos cortejos
figurados;

menos aos supermercados
e às feiras, lá vou mesmo é para decifrar
o enigma das senhoras
casadas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

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