Eu te sei, e te reconheço,
ainda que te escondas às sombras
dos mitos e dos ídolos
que fabricares:
salivas firmes gloríolas
sobre ti mesma e dizes amar a luz,
enquanto, às sombras,
deitas-te entre ratos, porcos
e cães.
Se duvidas – e não devias –
procura-te em teus segredos incestuosos,
em tuas profecias espúrias
ou nas epilepcias de tuas regozijadas
virtudes;
que eu te sei, e te reconheço
– adúltera e dissimuladamente purpúrea –,
fabricada às mais abissais
obscuridades:
uma demônia perdida
tentando travestir-se de sublime anjo,
para conspurcar paraísos
e sagrados templos,
que um dia ousou querer de mim
algo que, por falta de coragem e por
imperiosa
força de teu ego, não nunca te
fora pertencido:
o desconhecimento do bem, do mal
e das demais coisas,
a fria visão do apagamento
e a inexorável, inalienável e abnormal
condição do ser.
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