Seja assumido
que o maior dom que temos
é o de desconhecer dizendo que conhecemos,
o de nos amar, dizendo que amamos,
o de nos transitivar, dizendo
que intransitivamos;
mas aos que não suportam
a inocência vaga do próprio cântaro,
sejam suas coloridas fluorescências
ausentes de mim,
porque já me aceitei
em espúria e invertebrada condição,
e me passo preto e branco,
e realmente me desconheço;
e, paradoxalmente, amo-me
porque não me é possível abandonar o ego,
e me transitivo dissimuladamente
em formas, cores, fantasias
e vesanias,
e me equinocio sem rosto,
com incontáveis máscaras por mim
fabricadas,
por entre as estações dos tempos,
os sem-rumos dos ventos,
e as apresentações mambembes
dos demais neandertais.
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