segunda-feira, 18 de setembro de 2017

UM DIA IGUAL AOS DEMAIS



Hoje acordei injuriado, mais que de costume e como sempre sem saber por quê. levantei e fui comprar pão na padaria que fica num supermercado no bairro vizinho.

Os homens falavam idiotamente sobre futebol e das senhoras, que não eram as deles; as mulheres cochichavam algo que nunca consigo ouvir, quando estão apalpando os tomates e os pepinos das prateleiras.

Ao retornar, tropecei numa pedra a que fui logo mandando para a puta que pariu. Cheguei em casa amaldiçoando o dia, a pedra, pão, a manteiga, o café e a porra do meu dedo sem unha.

Pensei entrar no computador para tomar um remédio de “Trois Gymnopédies”, de Erik Satie. Embora não pareça, eu gosto de ouvir Satie, Debussy e Mozart sobretudo quando estou com a macaca.

Enquanto ouvia, fui a meu site ver como andavam as coisas, antes de começar a compor mais abismos à tela, que todos os meus versos são assim: zangados e alucinados como eu.

E num deles, o que falava das safadas donas beijas, vi dois comentários de sermonistas que parecem nunca ter visto rolas nem gavetas, que parecem que nunca foram abnormais sapiens sapos burros.

Agora, fala sério! Logo de manhã, quando já quase perdi a cabeça do dedão numa pedra que estava no caminho, ao olhar para as flores vestidas das calçadas?

De manhã se acorda com a boca fedendo, com o pau duro de vontade de mijar e, às vezes, ainda tem de se barbear porque a porra do chefe é chato pra caralho, e vem anjos torrar meu saco com comentários de missas rezadas?
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Fui longo mandando tomar no cu, é claro, embora nem os conheça. Mas tem algo que me aborrece ainda mais que os sermonistas que têm se habituado a me torrar a paciência. São os amigos que já deixei há tanto tempo, com suas miseráveis máscaras.


Ah! E mais uma coisinha só: não me tragam mais elogios, nem castidades, nem flores, nem bocetas a meu site, que há muito tempo estou assim no deserto, andando somente sob nuvens escuras.

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