segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

UTI

Naufrago-me,
calado,

quase todas as noites:

não peço ajuda,
não te peço ajuda;

apenas acorrento-me ao vinho
à música, aos fantasmas
e à esferográfica.

Morbidamente,
provoco-me as sinapses,
rumino passados,

construo dissimulados amores
e cruciantes angústias
em incompreensíveis estórias;

suicidando-me
aos abismos de meu cerne,
projetados em versos
mal traçados

e lançados, silentemente,
ao vento, ao tempo e a essa tela mambembe
que ledes vós nos dias
seguintes.

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