quarta-feira, 1 de abril de 2015

AMANHÃ


Não cantes
mais à minha janela
teus melodiosos cânticos
quebrados,

nem andes
mais pelas madrugadas
de minhas solitárias
calçadas:

sim (exatamente),
amanhã quando o sonho se congelar
inexoravelmente ao enregelado
deserto

que se aporta
nesta alma cansada;

amanhã,
quando até os heróis mais fortes
e os anjos mais sublimes nos abandonarem
para irem se abrigar

e se aquecer
(escondidamente) aos doces leitos
dos bordéis das secretas
escuridões.

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