sábado, 4 de abril de 2015

NAUS DE PEDRA


Címbalos ressoam
palavras voláteis por toda parte
em sangria de lucidezes
silentes;

fortes ventos trazem,
dos perdidos navegares por esplendes mares,
cacos de sonhos estilhaçados
e  resíduos de sais
da morte;

chuvas brancas se anunciam
em incontidas hemorragias, para desespero
dos que habitam [incautos]  os terrais,
como frágeis folhas
de alecrim;

perdimentos de asas
em voos de pedras tornam, com gritos de dor,
rarefeitas as seguras solidezes
dos chãos.

Os céus prenunciam a noite sépia:

tentilhões e borboletas
se escondem às sombras como que a esperarem
novos amanheceres para se exilarem
novamente em meio às imagens,
ilusões e esperanças
vazias,

enquanto algumas mariposas
resistem,  em busca do amor incondicional
às luzes de néons das cidades, encontrando, porém,
dolorosas e inexoráveis mortes
incandescentes,

e alguns vaga-lumes se anunciam
faroleiramente, em busca de sublimes sonhos impossíveis,
 encontrando outras mortes igualmente
dolorosas, às bocas de prenadores
canibais.

Enquanto isso,
continua a chover, tempestuosamente,
fazendo-me solfejar tenesmos nus e lascas de sombras perdidas,
da infinitude desértica
da ilha.

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