quarta-feira, 15 de abril de 2015

ROTINAS



Toalhas às mesas,
café, almoço, jantar, burundangas
todos os dias,
amores e fulgores às aos jardins,
aos sonhos e às camas que,
um dia, estarão vazios;

crianças que brincam,
que crescem,
que viram homens a pensarem
no que sempre dá
em nada,

mulheres – e homens também –
que se enfeitam diante dos espelhos
para depois o sacrilejarem,
como se ele fosse o culpado
pelas profundas falésias abertas no corpo
e pelo o correr inexorável
do tempo.

Em se falando dessa estranheza
inventada pelos homens – o tempo –,
o passado é fatalmente
morto,

o presente nunca é vivido
à plenitudes de nossos anseios, crenças
e esperanças;

e ambos estão condenados
em um porvir – o mais abstrato
de tudo que se possa –
inexoravelmente inexistente.

Voltando ao que chamam vida,
com sua rotinas que se nos passam
como se nem nos notássemos
a caminho do apagamento,

ela mais parece
uma causalidade a brincar conosco,
permitindo que tenhamos
poderes idílicos,

para nos tomar de volta
no engano da mais elevada e sublime
de nossas criações

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