sábado, 4 de abril de 2015

CINCO E MEIA DA MANHÃ



Deixa  os nobres cafés-concerto,
os magníficos espetáculos mambembes
e os glamorosos bailes de máscaras
das cidades e vem:

vamos interditar o adeus
e, mesmo com as asas quebradas,
fazer de nossas presenças
algo tolerável.

Senta-te do meu lado [coragem!],
sem te incomodares mais com o que
supostamente nos seja impossível
ou irrecuperável,

e me permita apenas
tentar acalmar-te o verbo suicida,
 o coração machucado
e a nuvem inflada.

Sim, vem [suplico]
resiste um pouco mais que seja,
para que eu tente nos livrar da dor
e da angústia deste  amor
exacerbado,

construindo,
longe dos concretos, das pedras
e dos insanos labirintos
dos homens

– qual miragem
ao deserto, e sem deixar rastros –
uma sublime eternidade
inacabada.

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