quarta-feira, 18 de março de 2015

AS SETE SEMENTES


Fiz um furo
no céu para te abrigar,
minha pequena flor
amarela,

e o tempo  se nos foi cruel
entre mariposas, tentilhões, anjos normalistas
e obscenos navegadores
de aquarelas.

Depois de tantos voos
e quedas, hoje (sete de março)
choveu mais que nunca
e nevou mais que
nunca:

e tu a pensares
ser o fim do tremeluzente fluxo
de nossa laiva existência
conjunta,

e eu a perceber
que é exatamente a cristalização
de algo extraordinário:

a perpetuação
 – carregando-te invisivelmente
nos braços – de minha solitária,  angustiante
e tormentosa  eternidade.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

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