terça-feira, 31 de março de 2015

EQUÍVOCO REPETIDO



Sentado ao sol quente
de um dia escondido em outubro
de meus quarenta
e quatro

– após comer
Alguns poemas de Pessoa, ouvindo
a sinfonia mouca
do vento

a se escorrer
pelo pequeno bosque que,
anos antes, plantei
 à planície –

a pedido dela,
tentava fazer alguma limpeza
em minha própria
casa:

e, ao rever um pouco
de nossos lixos e de nossos desrritmos
espalhados ao chão,

por um momento
eu cri no perdão, na paz e no amor que
ainda ontem ela me perjurava
ao leito molhado.

sim, não mais
que por um breve momento,
eu cheguei a iludir

de que
ainda poderia
haver alguma chance de continuarmos
caminhando lado a lado.

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