terça-feira, 24 de outubro de 2017

MADRUGADA FRIA



Durante a silente madrugada,
costuma ser pior:
os sons moucos dos trovões de todas
as tempestades;

os rios, os mares,
as nuvens, os montes e as falésias
de todos os lugares;

os tempos e destempos de todas
as estórias;

os horizontes perdidos
de todos os pássaros com seus voos,
cantos, encantos e faróis
soberbeiros;

os viscos, os rancores,
e as dissimuladas entenebridades
de todos os vermes
sorrateiros.

Tudo, enfim, parece adentrar
– em estranhas e dolorosas cores –
pelas janelas e portas fechada
de minha casa,

como que a acender-me,
ainda mais,
a suspensa hora
morta;

como que suspender-me
- com a mente em vesania e a esferográfica em fogo –,
ainda mais, do apagamento natural
das coisas.


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