domingo, 26 de março de 2017

DESERTO 47 – XII





Talvez nunca
entendam,
nem sintam o deserto
em que habito,

talvez nunca
entendam
que a toda verticalização
há seu sentido
contrário

e que as tempestades,
e as cinzas,
e os vazios, enfim,

são minha obra
final

– como a de todo
criador –;

mas quiçá um dia,
quando eu não
mais estiver
por aqui,

digam,
ao lerem
meus horrendos
versos:

“pode ter sido
um cão, mas ele
tentou vergar
o infinito.”

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