Talvez nunca
entendam,
nem sintam o deserto
em que habito,
talvez nunca
entendam
que a toda verticalização
há seu sentido
contrário
e que as tempestades,
e as cinzas,
e os vazios, enfim,
são minha obra
final
– como a de todo
criador –;
mas quiçá um dia,
quando eu não
mais estiver
por aqui,
digam,
ao lerem
meus horrendos
versos:
“pode ter sido
um cão, mas ele
tentou vergar
o infinito.”

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