DESERTO - XXXI

Meu primeiro amor
foi assim tão marcante
como estranho;

seu olhar
continha um segredo
que nunca decifrei,

seu semblante
era de uma sublimidade pálida,
como nunca mais
encontrei,

suas palavras
eram puras e espontâneas
– ou pelo menos eu as sentia assim –
como jamais ouvi;

e foi assim
meu primeiro amor:
duas crianças brincando ao sol
num pequeno canto
de sonho,

sem ainda terem
olhado pelas janelas
do mundo.