segunda-feira, 27 de março de 2017

DESERTO 47 – XXVIII



Que palavras,
que gestos e que enredos
são inocentes ou culpados
nas teatrações
sapiens,

se são fabricados
a singulares senciências,
geradas no seio ocasioso
do Cosmo?

Eis apenas
o que ouso dizer
dos umbrais que ousei
transpor:

após apagadas
as luzes enleadas
que emergem de nossos
egos acidentais,

virá o que
sempre fora de ser
sem o homem
e suas crias,

a recompor,
paradoxalmente
a virgindade das coisas
por nós estupradas.

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