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sexta-feira, 31 de março de 2017
DESERTO 47 – LXXI
Para sobreviver,
tentei gritar nos teus silêncios
– quando me chovia em
verbos afiados –,
sabendo
que eles se deviam
a seus encantamentos com outras
esplêndidas visagens;
para que sobrevivesses,
tentei calar-me nos teus gritos
¬– quando te chovias em tempestades
de palavras –,
sabendo tu
que eles se deviam
a minhas quedas por outras
paragens;
até que morremos,
totalmente vazios e pálidos,
em algum ponto entre a loucura e a razão
desse estranho amor
à nuvem.
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