sexta-feira, 31 de março de 2017

DESERTO 47 – LXXIX



Eu e minha solidão,
e meus fantasmas de plantão,

e minhas entrelinhadas e sacanas atuações,
e minhas angustiantes aflições,

eu, enfim, e o aceite de minha natural
 espúria condição;

e vós, com vossos faróis
cheios de conjunções

a tentareis clarear sublimidades
e imensidões,

a pensardes que podemos limpar
do mundo o mesmo chão

que habitamos, com nossos gestos e enredos,
em espetaculares dissimulações

e com nossos suores, fezes

e eivadas sofreguidões.

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