sexta-feira, 7 de julho de 2017




Pleiteio, em minha sanidade incompreendida aos olhos teus, o direito de apenas sonhar te amar sem palavras ou sorrisos, sem juras de amor cuspidas dos lábios ou promessas de além-mares, e sem que te exponha a hemorragia interna que me consome.

Não sei, nos extremos meus, qual o limite entre o homem e o monstro que me habitam. Se me firmo os pés presos ao chão, homem sou crucificado pela terra, condenado a rastejar em desejos amargurados e a me acovardar perante a carne. Se me dou asas invisíveis, derrubo a razão, e no vôo imaginário e intangível, vou me matando aos poucos na ilusão e, comigo, levo-te à fria cova sepulcral.

Não sei, nos extremos teus, qual o limite entre a mulher e a imaculada. Se te firmo os pés ao chão, mulher te vejo e te crucifixo à terra, condenando-te a negares dos desejos que te inflamam e a te acovardares perante a carne. Se te dou asas invisíveis, faço-te em mim minha senhora, e no meu vôo imaginário e intangível, por incompreensão tua e incapacidade minha, mato-te e vou contigo à fria cova sepulcral.

Mas como não sou capaz de ser nem só homem, nem só monstro, mas uma tormenta zunindo ao teu ouvido ora a ternura dos amantes, ora os brados que te enlouquecem, por que haveria eu de ousar saber de ti e de contigo partilhar o amor dos sonhos meus, ou de comigo escorregar pelo tempo, em dor, no mesmo leito eterno de minha loucura?

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