Se ando pelas alamedas dos sonhos,
nas veredas que há, existe sempre um sorrir tristonho nas janelas do que não se
está a sonhar.
Como uma realidade funesta que cai do abismo ao céu do ser, meu pensamento retrocede ao que de mim se perdeu corroendo as beiras do que está a acordar pelos sem caminhos que o sono está a escurecer.
E se ando por horizontes do caos concreto, nos entressonhos que há, sempre encontro um chorar omisso nos alegres semblantes dos que não estão a sonhar.
Como uma fantasia tétrica que omite essências do ser, minha razoabilidade inexequível se lança de meus olhos ao ilustre céu outonal, que véspera as chuvas do frio inverno onírico.
A me sombrear em imensidades atormentadas entre egos que regozijam suas emanações cálidas, me fausto em um deus de enxurradas turvas, a tecer minhas gêneses ominosas em efígies vazias.
Cinjo o céu com colorações ciprestes, e invado a terra com melodias rupestres.
Contenho os rios em minhas margens, e adorno as flores de jardins suspensos aos ares.
Voo como pássaros cibernéticos, e rastejo como serpentes viperinas.
Translucideio os cernes dos ilustres, e verbeio açoites em folhas brancas.
Enredo palavras cândidas em versos incompletos, e engesso o espelho que reflete minha face esquálida.
Exibo a formosa lenda entre as vielas oníricas, e me deito com as virgens de todos os reinos.
Pairo nas tempestades e nas brisas, e esparjo incensos às relvas rasteiras.
Abranjo os cimos dos montes mais altos, e perscruto os segredos do universo e das possibilidades.
Movimento as inércias mais distantes, e bebo dos mares mais esplendorosos.
Acalento esperanças fluorescentes, e esconjuro o porvir umbrático.
E, ao fim, desvaneço-me de meu poder, degenero-me entre meus destroços, e me apago no amanhã em que habita o silêncio sempiterno.
Sem pensamentos artificiais e sem egos ávidos em vidas que nunca houve.
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