sábado, 8 de julho de 2017

PERDIDO ENTRE MURALHAS DE OURO E DE PRATA



Se ando pelas alamedas dos sonhos, nas veredas que há, existe sempre um sorrir tristonho nas janelas do que não se está a sonhar.

Como uma realidade funesta que cai do abismo ao céu do ser, meu pensamento retrocede ao que de mim se perdeu corroendo as beiras do que está a acordar pelos sem caminhos que o sono está a escurecer.

E se ando por horizontes do caos concreto, nos entressonhos que há, sempre encontro um chorar omisso nos alegres semblantes dos que não estão a sonhar.

Como uma fantasia tétrica que omite essências do ser, minha razoabilidade inexequível se lança de meus olhos ao ilustre céu outonal, que véspera as chuvas do frio inverno onírico.

A me sombrear em imensidades atormentadas entre egos que regozijam suas emanações cálidas, me fausto em um deus de enxurradas turvas, a tecer minhas gêneses ominosas em efígies vazias.

Cinjo o céu com colorações ciprestes, e invado a terra com melodias rupestres.

Contenho os rios em minhas margens, e adorno as flores de jardins suspensos aos ares.

Voo como pássaros cibernéticos, e rastejo como serpentes viperinas.

Translucideio os cernes dos ilustres, e verbeio açoites em folhas brancas.

Enredo palavras cândidas em versos incompletos, e engesso o espelho que reflete minha face esquálida.

Exibo a formosa lenda entre as vielas oníricas, e me deito com as virgens de todos os reinos.

Pairo nas tempestades e nas brisas, e esparjo incensos às relvas rasteiras.

Abranjo os cimos dos montes mais altos, e perscruto os segredos do universo e das possibilidades.

Movimento as inércias mais distantes, e bebo dos mares mais esplendorosos.

Acalento esperanças fluorescentes, e esconjuro o porvir umbrático.

E, ao fim, desvaneço-me de meu poder, degenero-me entre meus destroços, e me apago no amanhã em que habita o silêncio sempiterno.


Sem pensamentos artificiais e sem egos ávidos em vidas que nunca houve.

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