domingo, 26 de março de 2017

DESERTO 47 – XV



Aos telhados 
de cetim,  um gato me olha
e não tenho
garras,

uma coruja 
me olha e não tenho
asas,

um anjo
 me olha e não tenho
alvas;

aos chãos 
dos destroços,  
um verme me ronda
bebendo-me
as chagas,

uma mulher 
me abarca devorando-me
as carnes,

um demônio 
me assombra habitando-me
a alma  vazia.

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