sexta-feira, 21 de julho de 2017

SEMIMORTO



... um novo
pássaro canta belo e insistente
no jardim de minha casa,
e eu não ouço;

uma nova flor
quer nascer esplêndida
e não vejo seu níveo
broto;

um anjo
soluça chorando e não vejo mais
que que as falsas luzes
de seus mosaicos
pintados;

o que vejo
são pedras, pedras
e mais pedras em forma
de voo,

a promoverem
ilusões, fantasias, tropeços, quedas
e catástrofes iguai
às minhas:

e o que sinto
é que a noite chega, e não haverá
novo amanhecer,

sequer
para algum pássaro, alguma flor,
algum anjo ou até alguma
pedra

pousar
no moribundo morto  algum olhar
que diferencie suas angústias
e suas fraturas

de alguma coisa
que nele tenha tido alguma

sublime iluminura.

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