Ainda bem
que já não me surpreendo
mais com os menestréis,
com os doutores e com os velhos
puristas que habitam
os píncaros urubuzeiros:
quando eu era jovem,
diziam que minha geração
estava perdida,
e hoje repetimos o discurso
de que a nova geração
está perdida;
e nisso eles acertaram
mesmo em cheio,
porque todas as novas gerações
estiveram perdidas
no exato ponto em que
envelheceram,
porque, quanto mais estudados
e talhados a conhecimentos
e experiências de vida,
é que mais reinauguramos incautamente
as casualidades do universo,
desafiamos o poder do átomo,
criando mortais ogivas nucleares,
decidimos pela guerra quando podemos
escolher a paz,
e contribuímos,
embora os esplendes discursos
sejam sempre mantidos,
para os ominosos apartheids
entre raças e povos.
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