sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O ESTRANHO



... assusta,
eu bem sei disso,

dispo-me da beleza
para me dizer e ao mundo
tentar entender,

escrevo
o inexpurgável,

o flexo e o refrexo,
a direção e a perda do caminho,
a escolha própria e ela projetada
nas costas dos outros,

o centro,
as beiradas e o além-margens,

a sublimidade,
a competência e o natural
ocaso das coisas,

o ser que
vos come com palavras
voláteis e vos mostra  a espelhos
alucinados

assim,
alimento-me a humanidade
com angustiantes
dores
e me viro

forte vento,
anseios sem norte,
coraçãos sem sustento,
alma em sofrimento,
fome e sede sem contentos;

ao fim,
em meio à muldidão de espelhos
semelhantes,

sou humano
por Deus também criado:

para vós,
podeis me chamar de cão
niilista,

de acordada
tormenta, de desprotegido pesados,

ou de nobody.

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