quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

EGÉRIA FERIDA



Ó flor de inverno,
salpicada de entrevadas realidades
e de tênues desatinos
oníricos,

quanto desejo me há
por teu cálido corpo, e quanta avidez
me há por tua nobre alma!

Mas não aprendeste
ainda que, para amar, não basta a sublimidade
do sonho, nem é a veracidade
do sentimento?

Não sabes ainda que,
para amar, é preciso resistência
às pedras que há em nossos
caminhos,

aos abismos
que habitam nossos cernes,
às angústias que povoam nossas
emoções e aos encantos
dos novos pássaros,

que entoam
seus cânticos melodiosos
em nossos adoecidos
amanheceres?

E o principal,
minha Senhora,
somente saberás o que é amar,
após conseguires resistir
a tudo isso,

e às demais reticências
tecidas nos vazios das procelas.

Então,
se esse dia chegar,
entenderás que nunca houve,
nem haverá, um amor sem dor
e sem um sincero perdoar,

e, se esse dia chegar,
não irás mais açoitar  com lâmina
afiada de teus verbos.

Aí poderei crer
em ti, quando vieres me dizer:
“Eu te amo”.

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