terça-feira, 11 de julho de 2017

TODOS OS DIAS



Desde que
se iniciou a jornada sapiens,
todos os santos dias,

uns querem a paz,
e oram, e lutam por ela com suas vidas,
outros declaram a guerra
com suas soberbias;

uns desperdiçam o valioso
alimento, destinando-o a lixões frios
outros passam muita fome
de estômago vazio;

uns moram
em seus bairros, ruas e casas ideais
outros sequer têm algum teto
para se cobrirem;

uns regozijam sua inteligência,
seu trabalho digno e seu status social,
outros se acabrunham
de vergonha;

uns dizem amar,
outros realmente amam e caem
quando descobrem
a dissimulação;

uns dizem ser
o que nunca foram,
outros se movem para tentar melhorar
da seara a plantação.

Sim, todos os dias,
desde que o homem vestiu
sua primeira roupa,

uns sorriem
as aventuranças e as abonanças,
outros choram as desgraças
proscritas;

uns beijam, afagam
e levam o conforto a berços derradeiros,
outros escarram e desdenham
a dor a alheia

– só os templos ainda pueris
se salvam por sublime e indelével
inocência –;

uns leem
e escrevem emocionados alguns poemas,
outros desdenham-nos
por inteiro;


alguém dá
um derradeiro adeus,
alguém solta um grito agudo
de dor.

Sim, todos os dias,
como se estivéssemos rezando
uma maldita cartilha

repetida.

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