quarta-feira, 19 de julho de 2017

BREVE REFLEXÃO SOBRE O AMOR IRMANDADO!



Vencemos, Ana,
estivemos acima das demais
senciências
sapiens,

lado a lado,

e mergulhamos
fundo, mesmo com o risco
de perda e de dor e  com o terrivel medo
do sempre porvir (agora concretizado)
tarde demais
!

E a vitoria é, às vezes,
a pior das derrotas!

... uma das coisas mais sublimes e que mais possa me parecer fazer sentido nesta vida é a fé e o amor, justamente dois abstratos substantivos, não podendo ambos serem abarcados por um dicionário, por uma razão, por uma filosofia ou por alguma ciência.

E esse amor, não confundamos com o desejo, é aquele amor realmente inexplicável, tipo o citado por uma companheira poetisa de aqui, como o de Montaine, que ainda amava o já morto amigo Étienne de La Boétie, um filósofo contemporâneo da França nos seus “Ensaios”; ou como aquela em o cara se coloca na linha de frente do inimigo, podendo ser fatalmente alvejado, só para proteger o amigo; ou ainda, mesmo como aquela, quando uma caçamba cheia de terra despejava-se contra dois meninos e, fungindo, um gritava desesperadamente para o outro correr, sobre o qual também já escrevi em poemas.

O amor e a fé de que falo, então, é um amor tipo assim, não como o de um pau e uma boceta ou como o de uma boca querendo engolir a outra, ou ainda, assolando-se com chuvas de fogo trazidas por inseguranças e ciúmes e, entre si, dizendo-se amar.

Outra coisa que prescinto no amor e que não há no desejo é o terrível medo da perda. Sendo assim, em “Ensaios”, Montaigne não escreveu em homenagem a uma mulher, a uma amada ou com alguma conotação, mesmo mínima, de sexualidade, mas sim da realidade que nutria e da qual havia convivido com Étienne.

Mas é interessante notar que ele (Montaigne), ao mesmo tempo em que homenageava e se lembrava, também ali lamentava, sofria e silentemente chorava; e que o soldado que ficar vivo, sendo salvo pelo amigo, terá que carregar um peso quase insuportável; ou, como o deste cão, que se declara covarde por ter corrido diante de toda aquela terra que tomabava, mesmo em tenra e pueril idade.

Ao amor do qual falo, pois, não cabe misericórdia ou perdão a si mesmo, mas tão somente ao companheiro ou à companheira de estrada com quem se identific (a) (ou) (va).

(Por isso, já alerto, por traçar diferença entre amor e desejo ou por não considerar, filosoficamente falando, que o amor não se liga à imanente id de modo estreito, como Montaigne, não sou veado!)

Então, simples assim, digo que não é possível confundir amor com desejos, ou como sendo somente entre homem e mulher, ou somente entre membros da mesma família; e que o fato de amarmos tão pouco nesta vida (o que promove apartheis, pobrezas, montandades por doenças e fomes e guerras, ou seja, de qualquer forma diferentemente do sempre bom e belo dele falado) é exatamente, dentre todos, nosso maior erro e pecado.

Agora, para não aprofundar mais, a um amor assim, deeprovido de outras imanências que com ele conflituam, que ocorra entre um homem e uma mulher, ultrapassa ainda mais qualquer limite que possam imaginar deste texto, uma vez que engloba todas as cincos imanências – id, ego, superego, espiritualidade e niilismo (este a meu ver) com que neste mundo fomos jogados.

Neste caso, poderia citar a história de Lilith e Shaitan ou, como queiram, de Ana e Thor, que contemplava amor, desejo e demais nuances humanas num só e amplo jardim (imenso, colossalmente belo e, pqaradoxalmente, dolorido!) , o que lhes ocasionava, por consequência ainda maior medo de perda e mais severas chuvas de fogo; mas isso fica para uma outra ocasião, até porque se aqui escrevo isso, é porque, como quando Montaigne falava do amigo, eu também já a perdi, por ser tarde demais e ela ter se dirigido ao eterno apagamento. E, por isso, alguns veem em mim tanta dor e lamento,, o que nunca nego, pois já eram antevistos mesmo quando eu tentava com ela povoar os céus e mares passados.


Na verdade, poucos são como Epicuro, capazes de montar um jardim e nele viver com suas amizades.

Deus sabe que, hoje, eu queria ter ido no lugar de meu pequeno amigo de infância, enterrado, perante mim, em correria, vivo. E Deus sabe como queria e pedir para Ana me deixar partir, que ela, primeiro!

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