sábado, 8 de julho de 2017

A PARADOXAL CONSUBSTANCIALIDADE DO AMOR

amor entre um homem
e uma mulher,
se existisse como dizem,
não deveria padecer de tantas
mutações;

nem deveria haver,
em seus fulcros pintados a ouro,
tantas manchas e frinchas
escuras.

O amor entre um homem
e uma mulher,
se existisse como dizem,
não deveria se desfazer às dores,
angústias e choros
das nuvens;

nem se pendular
com as súbitas mudanças dos ventos,
ou com conspirações dos medos
e das dúvidas.


O amor entre um homem
e uma mulher,
se existisse como dizem,
deveria ser inexorável e consubstancial
entre as almas amantes;

que do sapiens em carne
– em que pense não haver dúvidas
sobre sua ilimitada e fausta
capacidade de tudo –

não há mais que
a abstrata e paradoxal senciência
– mesmo que negada por menestréis,
religiosos ou puristas –,

abarcada por grandezas, devaneios
e sentimentos supremos,
mas aprisionadas nos mesmos infindáveis
limites do ego.

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